Cerca de 400 manifestantes ligados a movimentos no campo protestaram nesse dia 26 contra a política de financiamento agrário do governo, que privilegia o agronegócio, na sede do BNDES no Rio de Janeiro. O ato foi organizado pela rede Alerta Contra o Deserto Verde Fluminense e movimentos de luta pela terra como o MST, Fetag, MTL e Contag, contando com a participação de ativistas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Os movimentos denunciam o financiamento do banco público à agro-indústria da monocultura de exportação, principalmente eucalipto e cana-de-açúcar, parte do modelo agro-exportador mantido pelo governo. Além de negar ajuda aos camponeses pobres, o BNDES, segundo os movimentos, sustenta o agronegócio que destrói a natureza e expulsa comunidades indígenas e quilombolas de suas terras.

Os ativistas também protestavam contra o pedido de financiamento de mais de R$ 1 bilhão realizado pela empresa Aracruz Celulose. A empresa é a maior produtora mundial de eucalipto e é acusada de poluir o meio ambiente e expulsar comunidades indígenas e quilombolas de suas propriedades, além de contribuir para o êxodo rural que incha cada vez mais as favelas e periferias das grandes cidades.

Os manifestantes distribuíram uma carta aberta à população, denunciando a política do governo para o setor e o papel cumprido pelo BNDES. “Este modelo agro-exportador além de não romper com a inserção subordinada do país na divisão internacional do trabalho, representa uma insustentável exploração dos recursos naturais, além de desestruturar a agricultura familiar e camponesa e de expropriar os povos tradicionais (povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais etc.) dos meios necessários a sua conservação”, afirma a carta, que foi entregue ao diretor do banco, Elzio Gaspar.

Repressão
A tropa de choque foi acionada para reprimir a manifestação e um militante do MST chegou a ser detido. Foi ainda usado gás de pimenta para agredir os ativistas, que realizavam um protesto pacífico. O comandante da PM, tenente-coronel Antonio Henrique Oliveira, deu uma declaração que confirma a gratuidade da agressão. “A tropa usou gás só para dar aquela esfriada e não precisar usar o porrete”, declarou à imprensa.