Ocupação em Murici (AL) retoma atenções sobre caso RenanMesmo com o esquecimento do caso Renan Calheiros (PMDB-AL), cerca de 1.500 trabalhadores rurais ocupou no dia 23 de julho a fazenda Boa Vista para protestar contra a impunidade e o poderio da família do senador Renan, que manda e desmanda em Murici (AL). A propriedade é do deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL). Os sem-terra integram os movimentos MST, MLST e MTL.

É a segunda vez que os trabalhadores rurais ocupam as terras do deputado Olavo – muitas delas de origem duvidosa e por isso em litígio há vários anos. Na primeira ocasião, em fevereiro do ano passado, dezenas de famílias de sem-terra foram expulsas e algumas agredidas por jagunços encapuzados.

“Eles jogaram gasolina e queimaram tudo. Muitos de nós tivemos que fugir pelo mato para não morrer, enquanto outros trabalhadores foram levados para a sede da fazenda do deputado e mantidos como reféns durante várias horas”, lembrou uma das lideranças do movimento. A ação atrapalhou a operação abafa, montada para livrar a cara de Renan.

Esqueceram de mim
Renan Calheiros era manchete todos os dias nas capas de jornais. Mas a tragédia com o avião da TAM em Congo-nhas retirou todos os holofotes da crise política envolvendo o presidente do Senado. Contribuíram para operação abafa o recesso parlamentar e o festival de baixarias que se sucedeu à tragédia, envolvendo autoridades e ministros do governo.

Com as atenções voltadas para a crise aérea, Renan tenta rearticular sua tropa de choque, buscando apoio no Conselho de Ética para sepultar definitivamente seu caso na volta do recesso. O senador também impediu a convocação de uma comissão do Congresso para discutir o desastre com o Airbus da TAM. Com isso, ele reforça a manobra de paralisar e congelar qualquer investigação contra ele.

Renan é acusado de ter despesas pessoais pagas por uma lobista da empreiteira Mendes Júnior. O senador é investigado também por enriquecimento ilícito. Ele apresentou notas frias de frigoríficos inativos e guias falsas de transporte de gado para justificar seu súbito enriquecimento com negócios agropecuários. Até mesmo os peritos da Câmara, subordinados a Renan, disseram que os documentos são falsos.

Além disso, a Schinca-riol teria sido beneficiada por Renan, depois de comprar uma fábrica de bebidas cujo dono era seu irmão, o deputado Olavo. Após a conclusão do negócio, o presidente do Senado teria conseguido evitar a cobrança de uma dívida de R$ 100 milhões da Schincariol com o INSS e outra, também milionária, com a Receita Federal.

No dia 25, os sem-terra cercaram as instalações da fábrica de cerveja em Alagoas. Eles foram impedidos de entrar e realizaram uma manifestação contra Renan em frente à empresa.

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