No Conat não estão somente os trabalhadores organizados em sindicatos. Na construção de uma nova ferramenta de luta, delegados representando trabalhadores das ocupações urbanas e rurais de todo o país também participam. Para eles, o Conat não começou hoje. Cada um dos delegados da ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), vendeu pelo menos 50 rifas para arrecadar dinheiro e financiar a viagem. “Se pudessem, todos do Pinheirinho estariam aqui”, diz Maria Elisângela, uma das coordenadoras da ocupação.

Em São José dos Campos, é quase impossível uma greve acontecer sem que um integrante da ocupação Pinheirinho esteja presente. Os sindicatos de luta apóiam – não só politicamente – a ocupação. Estão lá diariamente ajudando na organização e na luta contra os ataques do prefeito. “A Conlutas tem que estar em todos os setores dos trabalhadores brasileiros”, afirmou Valdir Martins, o Marrom, um dos coordenadores da ocupação e militante do PSTU.

Este exemplo também pode ser visto em Minas Gerais. Na greve dos gráficos, em 2005, em Itajubá, uma fábrica foi ocupada com a participação de integrantes de ocupações da região. Quem conta essa história é Eliana Lacerda, militante do MTL (Movimento Terra e Liberdade). Ela também diz que as necessidades dos trabalhadores são as mesmas: “O que muda são as formas de exploração de setor para setor”. Ela torce para que o Conat apresente propostas concretas para a luta.

Uma entidade para todos os explorados
Luis Carlos Barroso, também integrante do MTL em Minas Gerais, diz não querer a Conlutas apenas como uma nova central sindical. “Temos que organizar os sem-terra, sem-teto, trabalhadores informais e os que estão nos sindicatos, para lutar contra as reformas neoliberais do governo Lula”, diz.

Organizar os trabalhadores dentro e fora dos sindicatos parece ser a vontade de todos os delegados dos movimentos sociais. Segundo Almir Oliveira, um dos organizadores de uma ocupação com mais de 100 famílias, “para a Conlutas ir além da CUT, ela tem que unir as lutas populares e de trabalhadores sindicalizados”.

As ocupações urbanas de Taboão da Serra, Osasco e Itapevi – todas de São Paulo – enviaram 15 observadores. Gabriel Simeone, militante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), é um deles. Para ele, o Conat já é uma vitória: “Todo mundo aqui sabe o que está fazendo, um salto de qualidade para o debate político”.