Seguranças armados, que agiam em defesa da multinacional Syngenta Seeds no estado do Paraná, mataram o dirigente sem-terra Valmir Mota, conhecido como Keno, e deixaram mais cinco trabalhadores gravemente feridos. A ação ocorreu no último dia 21, quando ativistas da Via Campesina e do MST ocuparam a fazenda da multinacional em Santa Tereza do Oeste, interior do estado.

O protesto dos sem-terras buscava dar continuidade à denúncia feita em março de 2006, do cultivo ilegal de reprodução de sementes transgênicas de soja e milho realizado pela empresa. Depois de expulsarem quatro seguranças, pela manhã, os sem-terras foram surpreendidos por 40 pistoleiros que invadiram o local e abriram fogo a esmo contra os trabalhadores.

Agência de segurança
Essa não foi única brutalidade cometida por empresas de segurança. Recentemente o estudante Bruno Strobel foi torturado até a morte por seguranças da empresa Centronic que, segundo declaracões, se inspiraram no filme “Tropa de Elite” para cometer o crime.

Apesar de aparentemente serem fatos isolados, essas tragédias trazem à tona o problema da existência de empresas de segurança privada. Tais empresas oferecem o serviço de pistolagem e “jagunçagem”, profissionalizando um dos mais lamentáveis aspectos do coronelismo. Investigações policiais e denúncias na Centronic e na NF segurança mostram que as empresas usam a tortura e o terror como método de intimidação.

Darci Frigo, advogado da Terra de Direitos, denuncia a existência de um consórcio entre a Syngenta, a Sociedade Rural da Região Oeste e o Movimento dos Produtores Rurais para realizarem ações como esta em conflitos agrários. Os fazendeiros contratam “empresas de segurança” que, na verdade, agem como uma “tropa de elite” que assassina em nome do latifúndio.

Pelo fim das milícias
Empresas desse tipo só podem existir porque existe quem os contrate e porque o Estado permite que elas funcionem, tornando-se assim cúmplice de seus atos violentos. A crescente concentração de renda é a fonte de clientes para as empresas de segurança nas cidades, enquanto no campo existem verdadeiras máfias que organizam e financiam os grupos paramilitares, como é o caso da Sociedade Rural do Oeste no Paraná.

Essas mortes no campo e na cidade são faces de um problema social: a concentração de renda e da propriedade nas mãos de poucos. Defender os poderosos somente agravará o problema. Enquanto a polícia do governador Requião procura identificar e prender o sem-terra que baleou um dos jagunços na Syngenta, o PSTU defende o direito ao armamento e à autodefesa de todos os trabalhadores que se sintam ameaçados, e saúda a bravura do militante do MST que certamente evitou outras mortes.

Exigimos o fim das milícias privadas no campo e na cidade, a prisão dos dirigentes da Syngenta Seeds, da Sociedade Rural do Oeste, da Centronic e de todos os que se envolverem com atos de tortura e terrorismo contra os trabalhadores.

Post author Pablo e Jean Michael, de Curitiba (PR)
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