Começa a cair a ficha, em setores cada vez mais amplos da população trabalhadora, que as mudanças prometidas pelo governo Lula não virão. Isso é o que demonstra a última pesquisa de opinião, na qual a aprovação do governo caiu de 45 para 39% desde o início do governo. A frustração cresceu. Em 2003, 64% dos entrevistados achavam que as promessas estavam sendo cumpridas. Agora, 48% ainda acreditam nisso.
Nas eleições de 2002, o PSTU alertou: “Sem romper com a Alca e o FMI, toda promessa de emprego é propaganda enganosa”. Hoje, as esperanças diminuem e cresce a insatisfação com o governo. Não é para menos, para quem prometeu 10 milhões de empregos e produziu mais 500 mil desempregados, conseguiu solapar em pelo menos 13% a renda dos trabalhadores, a ponto de derrubar em mais de 5% as vendas de bens não duráveis e semi-duráveis, ou seja, comida e vestuário, até que o povo ainda está tendo paciência demais.

A mídia e o governo vinham tentando realimentar as expectativas, martelando que a alta na Bolsa de Valores, a diminuição do risco país e o aumento das exportações levariam o país ao “espetáculo do crescimento”. Nos últimos dias, até mesmo essas supostas “vitórias” de Lula e do FMI se desmancharam no ar. O mercado ficou “nervoso”. Na verdade, um mero espirro na economia dos EUA – um possível aumento dos juros por lá – provocou a saída de capitais daqui. Apesar das declarações do governo, de que “valeu o sacrifício em 2003”, e do clima de “agora vai”, o tal “equilíbrio” econômico se revelou um fiasco, demonstrando o grau de dependência e falta de soberania do país. Para acalmar o mercado, o governo anunciou um contingenciamento de mais 6 bilhões de reais do Orçamento para o pagamento da dívida.

Chega de desemprego, arrocho e reformas neoliberais

Mesmo que se cumpra a previsão do governo, de 3,5% de crescimento econômico neste ano, o que já é muito pouco, a vida dos trabalhadores e do povo não vai melhorar. Pois o governo está comprometido com banqueiros, grandes empresários e seus partidos e, sobretudo, com o FMI e, portanto, com o aprofundamento da política econômica de Collor e FHC.

As conseqüências dessa política são mais desemprego, reformas neoliberais e arrocho, como na proposta de aumento de 1,9% do salário do funcionalismo. Uma verdadeira provocação.

Por falar em provocação, José Dirceu, que um dia lutou contra o acordo MEC-USAID (que a ditadura assinou com os EUA para impor o ensino pago no Brasil) disse que “o pau vai comer” na reforma Universitária, prometendo fazer a reforma dos sonhos do Banco Mundial. Além disso, o governo vai tentar apressar a aprovação da reforma Sindical, para pavimentar o caminho para a retirada dos direitos dos trabalhadores com a Trabalhista. Tudo isso com a mais completa colaboração da CUT.

Nas lutas, fora a Alca e o FMI

Por outro lado, já começa a ganhar força a luta contra as reformas. Prova disso é a grande adesão ao Encontro Sindical Nacional que vai ocorrer em Brasília, nos dias 13 e 14 de março. Também cresce a mobilização dos servidores. Nos próximos dias serão realizadas assembléias e plenárias em todo o país para reafirmar as reivindicações, votar um calendário que aponte a greve. E, sem dúvida, haverá forte reação contra a reforma Universitária.

É necessário que os setores combativos do movimento impulsionem com toda força essas campanhas e busque unificá-las. Bem como se faz necessário impulsionar as lutas por salário, terra ou moradia. Em todas essas lutas, no entanto, é fundamental levantar a campanha pela ruptura com o FMI, o não pagamento da dívida externa e contra qualquer Alca.

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