A pesquisa mais recente do Datafolha indica que 74% dos brasileiros querem o afastamento de Sarney. Junto a isso, 67% opinam que Lula faz um governo bom ou ótimo. Aparentemente, o povo brasileiro acha que é errado o apoio de Lula a Sarney, mas que isso é “parte da vida política”, que “todos acabam tendo que fazer isso para se manter”, etc. Assim, Lula escapa da crise do Senado sem grandes arranhões.

É preciso discutir esse tema com clareza no movimento sindical e estudantil. Sem o apoio do presidente, Sarney não duraria nem um dia. A base governista tem maioria no Senado. Trata-se de uma opção política do governo para manter sua aliança eleitoral em 2010 com alguns dos setores mais reacionários e corruptos da burguesia reunidos no PMDB.

E essa questão não é uma espécie de “pequeno defeito” em um governo “nosso”. A continuidade das velhas caras reacionárias de Sarney, Collor e Maluf é uma demonstração de que as mesmas grandes empresas que mandavam antes no país com FHC, seguem mandando com Lula.

O governo do PT serve muito às grandes empresas, porque pode enganar melhor os trabalhadores ao se apresentar com a cara de um ex-metalúrgico como Lula. Pode assim ter o apoio dos trabalhadores para suas ações, inclusive quando dá dinheiro às empresas, como na isenção do IPI. O presidente está, na verdade, salvando os lucros das grandes empresas, enquanto já existem cerca de um milhão de desempregados a mais com a crise. Se quisesse ajudar os trabalhadores, poderia decretar a estabilidade no emprego.

Os trabalhadores precisam abrir os olhos para enxergar os motivos reais das ações do governo: garantir os lucros das grandes empresas e salvar Sarney.

Lula conta com o apoio inestimável do PT, do PC do B, da CUT e da UNE para sustentar Sarney e conseguir o apoio dos trabalhadores a seus planos.

O PT e o PC do B tentam justificar o injustificável, apelando para o velho chavão de “golpe da mídia” contra Sarney. Aliás, a mesma desculpa esfarrapada do próprio peemedebista. A CUT e UNE, por sua vez, em seus congressos recentes, se recusaram a votar a favor do Fora Sarney.

A UNE do passado, que esteve junto das mobilizações do Fora Collor, realmente não existe mais. Hoje a direção da entidade está com ele na defesa do presidente do Senado, enquanto nas ruas os estudantes pintam de novo as caras para exigir Fora Sarney.

A dura verdade é que Sarney não é somente a cara do Senado, mas também uma das faces mais expressivas da aliança governista PT-PCdoB-CUT-UNE-PMDB.

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