Brasília - Reunião de Líderes da Base Aliada no Senado Federal (Alan Santos/PR)
Redação

O governo, o Congresso Nacional e os banqueiros não desistiram da reforma da Previdência. As cúpulas das principais centrais sindicais precisam mudar de atitude e se jogar na construção do 10 de novembro

Após a declaração de Temer na última segunda-feira, 6, de que a reforma da Previdência poderia não ser votada devido à falta de votos na Câmara, muitos podem ter ficado com a sensação de que ela está definitivamente morta. “Se em um dado momento a sociedade não quiser a reforma previdenciária, a mídia não quiser a reforma previdenciária e o Poder Legislativa ecoe a voz da sociedade e também não queira aprová-la, paciência, porque continuarei a trabalhar por ela“, afirmou durante uma reunião com líderes partidários.

Mas isso está longe da realidade, e a reforma da Previdência continua mais viva do que nunca. Se é verdade que a base do governo está capenga depois de Temer ter gastado bilhões em Refis (refinanciamento das dívidas dos grandes empresários), liberação de emendas e distribuição de cargos a fim de se salvar das denúncias de corrupção, por outro a reforma da Previdência é estratégica para o imperialismo e a burguesia a fim de impor o ajuste fiscal e o pagamento em dia da dívida pública aos banqueiros. A burguesia, os banqueiros e o imperialismo querem manter seus lucros às custas das aposentadorias dos trabalhadores.

Não foi por menos que Meirelles logo tratou de afirmar que o governo segue empenhado na aprovação da reforma. “O governo mantém sua proposta como está“, frisou. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi pelo mesmo caminho ao ressaltar o empenho do governo em atender os interesses dos banqueiros. O próprio Temer gravou um vídeo para ser divulgado pelas redes sociais defendendo a reforma.

Essa movimentação toda não é apenas para mostrar boa vontade aos patrões de Temer e do Congresso Nacional. A reforma da Previdência permanece um perigo real. Nesta sexta-feira, o relator da reforma, deputado Arthur Maia (PPS-BA), deve apresentar uma versão mais “enxuta” da reforma a fim de facilitar sua aprovação no Congresso. A nova proposta, ao contrário do que seria uma versão mais “branda” da reforma, conteria os principais ataques da proposta original: imposição da idade mínima (65 anos para homens e 62 às mulheres) e o aumento do tempo de contribuição dos atuais 15 para 25 anos.

Uma alternativa seria aprovar a reforma não como uma PEC (que precisaria de o mínimo de 308 votos), mas através de uma medida provisória ou até um projeto de lei complementar, que necessitariam apenas de maioria na Câmara para passar.

Sem mobilização, a reforma vai passar
A aprovação da reforma da Previdência é a prioridade absoluta do imperialismo e dos banqueiros. Isso reforça a importância do dia nacional de lutas e paralisações convocado pelos metalúrgicos e centrais sindicais, e encampado por várias categorias, para a próxima sexta-feira, 10 de novembro. Sem luta, essa reforma vai passar.

A cúpula das centrais, no entanto, não vem mobilizando para construir esse dia. Muitas categorias estão se movimentando para realizar uma forte paralisação, como o funcionalismo público, mas a construção desse dia poderia ter muito mais força caso as direções das grandes centrais se jogassem de fato para isso. Não se pode repetir o que ocorreu no dia 30 de junho, quando as cúpulas das centrais puxaram o tapete da Greve Geral abrindo o caminho para a aprovação da reforma trabalhista.

É fundamental realizar um grande dia nacional de paralisações e protestos, abrindo o debate sobre os próximos passos da luta contra esse governo e seus ataques e recolocando na ordem do dia a Greve Geral.

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