Comissão tentou visitar petroleiros aposentados que ocupam prédio da empresaIsolados no 15º andar do Edifício Torre Almirante, unidade da Petrobrás no centro do Rio de Janeiro, na Rua Almirante Barroso, os petroleiros Emanuel Cancella, Roberto Ribeiro, Fabíola Monica, Wladimir Mutt, Flavio Azevedo e Luis Alexandre do Sindipetro-RJ entram no terceiro dia de ocupação. A ação é em protesto à discriminação dos aposentados na negociação do acordo salarial da categoria. Desde 1996, os aposentados acumulam perdas de mais de 60% em relação aos trabalhadores da ativa. A ocupação foi aprovada em assembléia e tem total apoio da direção do sindicato.

Cancella, Ribeiro, Fabíola, Mutt, Azevedo e Alexandre enviaram um relato ao sindicato, informando que até a manhã de hoje visitas estavam sendo autorizadas, na ante-sala da área ocupada. Pouco depois, chegaria uma ordem do gerente de Recursos Humanos, Diego Hernandes, impedindo a entrada de novos visitantes.

As condições a que estão expostos os ativistas preocupa. A cama é o chão frio. A direção da Petrobras proibiu a entrada de travesseiros, lençóis e colchonetes. Os petroleiros estão sendo impedidos pelos seguranças do prédio, por ordem da direção da empresa, de usar os chuveiros do Edita. Existem ordens expressas da direção da Petrobrás proibindo visitas.

Nesta quinta, 22/10, por volta das 12h, uma comitiva formada pelo deputado estadual Paulo Ramos (PDT), seu assessor, Renan Lacerda (petroleiro aposentado), pelos advogados Aderson Bursinger, Custódio de Carvalho e Modesto da Silveira e pelos Conselheiros da Petros, Silvio Sinedino e Agnelson Camilo, se dirigiram à recepção anunciando que iria visitar os acampados da Petrobrás. Como representantes dos trabalhadores, parlamentar, Conselheiros da Petros e advogados, entregaram seus documentos e receberam os crachás de visitantes e a autorização para subir.

A comitiva já tinha passado as catracas, quando de repente apareceu um segurança interno da empresa terceirizada, alegando de que o Deputado Paulo Ramos não poderia entrar, que eram “ordens”. Teve início um tumulto e, no corredor que leva aos elevadores, surgiram uns vinte seguranças que tentaram imobilizar o deputado e impedir que a comitiva entrasse no elevador.

Houve empurra-empurra e conflito, na entrada da Comitiva. Na confusão, um vigilante, que não foi identificado, agrediu violentamente o advogado e conselheiro da OAB/RJ, Dr. Aderson Bussinger, que é advogado dos Sindipetros AL/SE e do Rio de Janeiro e contribui com na assessoria jurídica da FNP, principalmente nas reuniões com a Petrobrás.

Mas eles não se intimidaram diante dos empurrões, tapas e ameaças e entraram no prédio, utilizando-se de prerrogativa reservada a advogados e a parlamentares. Eles levaram a solidariedade e um convite para que os petroleiros acampados participassem de sessão solene, na Assembléia Legislativa, em homenagem aos 56 anos da Petrobrás.

A agressão sofrida, segundo Aderson, foi em forma de “telefone” com muita força no ouvido direito, que segundo a médica da Petrobrás, que o atendeu no local, teria causado um hematoma interno, que possivelmente tenha causado danos ao sistema auditivo.

Após a visita, o advogado seguiu para a OAB-RJ e fez uma representação. Ele fez exame de Corpo Delito e prestou queixa policial e Boletim de Ocorrência. A OAB considerou um ato arbitrário da Petrobrás e de sua vigilância junto com as Ações Gerenciais do RH e do GAPRE (Gabinete da Presidência), que é responsável pela segurança da Petrobrás e tomará as providências.

Nesta sexta, apesar das pressões – que serão denunciadas na Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ e na Alerj – a ocupação vai continuar, até que a direção da maior empresa do país sinalize com uma possibilidade de acordo que não exclua os aposentados.