A farsa das eleições segue a todo vapor no segundo turno. Se antes já não havia limites no vale-tudo eleitoral, agora a cruzada por apoios e alianças põe abaixo todo tipo de escrúpulosA executiva nacional do PT aprovou, por unanimidade, que o partido fará alianças com qualquer partido político, do PP ao PSDB. “Quero que o Maluf declare voto na Marta Suplicy” disse o presidente do PT, José Genoino. Em troca do apoio de Maluf, o PT garante o seu apoio a Angela Amin (PP) na disputa do segundo turno em Florianópolis (SC).

Já o prefeito reeleito do Rio de Janeiro, César Maia, do PFL, virou estrela das campanhas petistas de Godolfredo Pinto (Niterói) e Lindberg Farias (Nova Iguaçu). Este último, inclusive, tem um tucano como vice-prefeito na sua chapa. A orgia das alianças eleitorais não é novidade na democracia burguesa e demonstra claramente que não há diferença alguma, entre a maioria dos partidos.

A disputa em São Paulo é o maior exemplo disso, Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB) disputam apenas quem será o melhor gestor da política neoliberal, repetindo as mesmas promessas e mentiras do primeiro turno.

Me engana que eu voto

Apoiados na farsa e numa tremenda máquina eleitoral, os dois maiores partidos financiados pelo capital (PT e PSDB) saíram fortalecidos da primeira fase das eleições municipais.

Um componente fundamental dessa vitória foi a manipulação através de gigantescos aparatos de marketing eleitoral. O candidato é apresentado como um produto a ser “vendido“ no mercado.

O que move as campanhas é o dinheiro dos que os financiam (empresários e banqueiros), que pagam milhões aos marqueteiros de plantão e são eles que definem quais são os programas que vão ao ar, qual o discurso e a postura que o candidato vai apresentar. Tudo isso com base em pesquisas diárias. Dessa forma, repetem o que a população quer ver e ouvir.

A partir daí, há, então, uma série de estratégias que transformam as eleições num farsesco espetáculo: quem sempre foi corrupto se torna honesto, quem sempre defendeu os ricos e poderosos, num passe de mágica, se transforma em defensor dos pobres.

Foi na virada dos anos 90 que o marketing eleitoral ganhou importância decisiva na democracia burguesa brasileira. Naquela época, Collor, verdadeiro símbolo da corrupção nesse país, chegou à presidência apoiado em sua transformação, pela mídia, em “caçador de marajás”.

Marketing e uso da máquina

Os marqueteiros são verdadeiros mercenários da política: trabalham para quem paga mais. Seus salários são milionários, mas, no entanto, a real recompensa começa com a vitória de seus candidatos. Duda Mendonça depois de ajudar a eleger Lula, assumiu o controle, em 2003, de R$ 1,1 bilhão em verba publicitária governamental, tendo o direito de dar a última palavra na publicidade dos 29 ministérios, 120 empresas estatais e dos três bancos oficiais.

Luiz González, marqueteiro de José Serra, já realizou campanhas para os também tucanos Mario Covas e Geraldo Alckimin. Sua agência de publicidade, Lua Branca Comunicações, é responsável pela maior parte da propaganda do Governo do Estado de São Paulo. Durante o governo FHC, Nizan Guanaes, realizou diversas campanhas tucanas administrando uma verba publicitária anual de R$ 500 milhões.

Além disso, os partidos utilizam escandalosamente a máquina do Estado para beneficiar seus candidatos. Em São Paulo, o governo do PSDB aumentou suas inserções publicitárias e está gastando R$ 50 milhões em propaganda. Nacionalmente, o governo Lula prevê gastar R$ 1.143 milhão em publicidade para promover o pífio crescimento da economia e tentar ajudar os candidatos do PT.
Post author Jeferson Choma, da redação
Publication Date