Atacantes sabiam nomes de quem estava no localNa madrugada de sexta-feira, dia 18 de janeiro, a sede do Movimiento Socialista de los Trabajadores (MST), da Argentina, foi atacada. Por volta das cinco da manhã, três homens bateram à porta da sede, na Província de Neuquen. Um outro aguardava em um carro. Duas pessoas, militantes de Buenos Aires que tinham viajado para uma atividade no final de semana, dormiam na sede. Chamados pelo nome, eles abriram a porta e foram atacados. Lázaro Duarte, de 80 anos, recebeu 9 facadas, sendo uma na região do coração, e permanece em estado grave no hospital da cidade. Ele respira com ajuda de aparelhos e corre risco de morte.

Jorge Rufino, de 41 anos, mesmo tendo sido apunhalado sete vezes, está fora de perigo. No dia seguinte, ele contou o que aconteceu: “Me disseram que se o MST não deixasse aquela sede, eles iam sumir comigo”. Rufino, que abriu a porta da sede, contou que os invasores se identificaram com nomes de militantes do MST.

Apesar de não estar ocorrendo nenhum conflito ou luta social expressiva na região, a direção do MST considerou o ataque como um atentado político e afastou a hipótese de roubo, como aventou a polícia. Dos dois militantes, foram levados o dinheiro que um tinha no bolso e a carteira de outro. Objetos na sede, como uma TV, e outros pertences foram deixados. Apenas um megafone foi roubado. “Se fossem ladrões, poderiam ter levado mais coisas no carro. Mas perderam mais tempo esfaqueando do que roubando. E sabiam os nomes dos que estavam na sede”, afirmou Priscila Otton Araneda, da direção do MST.

CAMPANHA
O MST é uma das principais organizações da esquerda argentina e, no Brasil, mantém ligações políticas com o Movimento Esquerda Socialista (MES), do qual faz parte a deputada federal Luciana Genro. A organização argentina denunciou o atentado, em audiências com o governo federal e com uma marcha em Buenos Aires.

A Frente Obrera Socialista (FOS), seção da LIT-QI na Argentina, divulgou uma declaração em solidariedade, na qual chama a unidade para deter os ataques e punir os responsáveis. Segundo a nota, “o ataque é um avanço qualitativo entre os que vem ocorrendo com total impunidade, contra las mobilizações operárias. Este tipo de fatos não ocorrem apenas em nosso país, como mostram o ataque à sede da COB em La Paz e à sede do PSTU em São Paulo, e são uma prova a mais da necessidade de avançar para uma coordenação das lutas na América Latina”.

  • Mensagens de solidariedade podem ser enviadas pela página do MST na internet

    * Com informações da FOS e do jornal Clarín e La Nación.

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