Juventude do PSTU

 

Mais de 70 escolas estão tomadas pelos secundaristas no Rio de Janeiro. A força da luta tem, inclusive, inspirado ocupações no Ceará e a volta das ocupações em São Paulo (leia abaixo).

A postura do governo continua sendo de enrolar e ameaçar. Além de não negociar com o comando unificado das escolas ocupadas, a Secretaria de Educação adiantou as férias escolares, que iniciaram no dia 2 de maio. O governo também avisou: se a luta continuar até julho, vai fazer os alunos perderem o ano letivo.

Mas os secundaristas começam a organizar manifestações de rua e trancaços nas escolas para avisar que o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e do vice Francisco Dornelles não terão descanso enquanto não atenderem ao movimento. A luta unificada de trabalhadores e estudantes é a única alternativa para derrotar os governos e seus ataques!

Greve geral dos servidores contra o ajuste

A crise no estado do Rio de Janeiro se agrava a cada dia. Os salários dos servidores públicos, além de mal pagos, estão atrasados e parcelados. Os trabalhadores terceirizados estão sendo demitidos, muitas vezes sem receber seus direitos. Os hospitais estão numa crise brutal. O hospital universitário Pedro Ernesto corre risco de fechar pela falta de repasse de verbas. A privatização da saúde com as famigeradas Organizações Sociais (OS) contribui para a situação lastimável. As OSs, inclusive, estão sendo investigadas por corrupção. Na educação pública, o cenário não é diferente: a infraestrutura nas escolas é péssima e falta de tudo.

Culpados
A lógica do governo do Estado, em aliança com o governo Dilma, é aplicar um duro ajuste fiscal para que os trabalhadores e a juventude paguem a conta da crise econômica que não é nossa. Na verdade, desde o governo de Sérgio Cabral (PMDB), o estado do Rio vem concedendo uma série de isenções fiscais, política cuja continuidade foi garantida pelo atual governador Pezão. Foram liberados R$ 39 milhões para a Supervia pagar uma dívida com a Light, por exemplo. Ambas as empresas são controladas por empreiteiras envolvidas no escândalo da Lava Jato, como Odebrecht e Andrade Gutierrez.

Além disso, o governo aprovou quase R$ 1 bilhão a mais para a obra da linha 4 do metrô, também controlada pela Odebrecht. Ou seja, uma farra de contratos superfaturados e fraudados para enriquecer os empreiteiros. Sem contar os bilhões que estão sendo destinados para as Olimpíadas. Nos últimos meses, o governador Pezão e o vice Dornelles anunciaram um duro pacote de maldades que visava retirar direitos dos trabalhadores. O aumento da contribuição previdenciária para os servidores é, na prática, um corte nos salários.

De outro lado, cortaram milhões de reais da saúde e da educação, como mostram as dezenas de escolas ocupadas por secundaristas que resistem à enrolação do PMDB, que já mostra bem o que fará esse partido no país inteiro caso Michel Temer assuma a presidência.

Secundas de São Paulo

A luta não acabou!

Flávia Bischain, de São Paulo (SP)

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) desafiou, mais uma vez, os estudantes de São Paulo. No início do ano, cortou 78% das verbas das escolas técnicas (Etecs). Isso resultou no fechamento de salas e de cursos inteiros, cortes de funcionários e falta de materiais. Nos cursos integrais, os estudantes são obrigados a ficar oito horas na escola de barriga vazia. Isso porque as Etecs não têm nenhuma estrutura pra garantir alimentação. Muitas não têm sequer cozinha. Quando muito, o governo entrega “merenda seca”, suco e bolacha, mas até isso foi afetado com o corte.

No dia 28 de abril, os estudantes paralisaram suas escolas e se uniram num ato na Avenida Paulista, que resultou na ocupação do Centro Paula Souza. Mostrando a experiência de luta adquirida no ano passado, outras Etecs foram ocupadas nos dias seguintes. Uma delas foi a Etec Paulistano, em Brasilândia, periferia da zona norte da capital, que teve sua verba reduzida de R$ 3.950 para R$ 869. “Isso não basta nem pra sustentar uma casa com quatro pessoas, imagina uma Etec”, disse uma estudante.

Na manhã de 2 de maio, a Tropa de Choque da Plícia Militar invadiu o Centro Paula Souza pela porta de trás, jogando bombas de gás. O secretário de Segurança do Estado acompanhou toda a operação. Os estudantes resistiram bravamente. Como não havia mandado judicial, a invasão da polícia foi considerada ilegal pelo próprio Tribunal de Justiça. Foi lindo ver os policiais se retirando sob gritos e palavras de ordem como “não tem arrego!” e “eu quero ver o fim da Polícia Militar”. O que não falta para os secundaristas é força e disposição de luta.

Publicado originalmente no Opinião Socialista nº 516