Na última sexta-feira, dia 06 de março, o ministro do STF, Teori Zavascki, liberou a divulgação da lista dos políticos ligados ao escândalo de corrupção na Petrobras, a principal empresa estatal do país. O relator da Operação Lava Jato abriu inquérito contra 50 políticos, entre eles 12 senadores, 22 deputados federais, além de ex-ministros e ex-governadores, de seis partidos diferentes, PT, PMDB, PSDB, PTB, PP e Solidariedade.

Em destaque, aparecem os nomes dos atuais presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, respectivamente, ambos do PMDB. O senador petista Lindbergh Farias, antiga liderança da UNE e do movimento “Fora Collor “também aparece na listados dos envolvidos, ironicamente, ao lado do ex-presidente Fernando Collor, do PTB.

Corrupção rima com privatização

O esquema de corrupção girava em torno de contratos superfaturados entre a Petrobras e as maiores empreiteiras do Brasil. O dinheiro embolsado a mais pelas empreiteiras, cerca de 10 bilhões de reais, servia para pagar propinas a altos funcionários da estatal e políticos, que, por sua vez, beneficiavam as empreiteiras em processos de licitação. Foi construído, ao longo de anos, um verdadeiro cartel.

O fim do monopólio estatal da Petrobras durante os governos FHC, que abriu caminho à exploração e à distribuição privada do petróleo brasileiro, deu inicio à farra dos contratos superfaturados com as empreiteiras. Os governos Lula e Dilma não colocaram fim à privatização da Petrobras, mas, ao contrário, expandiram as terceirizações e os leilões do nosso petróleo, inclusive do pré-sal.

Quem paga a banda escolhe a música

O financiamento privado das campanhas eleitorais é um dos principais mecanismos da corrupção endêmica que assola o país. O poder econômico controla o processo eleitoral e os políticos eleitos, que transformam-se em representantes não de seus eleitores, mas sim das empresas que doaram milhões de reais às suas campanhas e que, depois, cobram a conta. Os capitalistas não fazem doações, fazem investimentos.

Nas eleições presidências de 2014,  o PT recebeu de grandes empresas privadas por volta de R$ 79,8 milhões, sendo 65% de construtoras envolvidas no escândalo da Petrobras. O PSDB ficou com R$ 20,4 milhões, sendo 86% das construtoras corruptoras. Na Câmara do Deputados, mais de trezentos parlamentares foram eleitos com o dinheiro das empreiteiras, sendo 255 deputados financiados diretamente pelas construtoras  investigadas.

O sujo falando do mal lavado

Mais uma vez, o PT se vê envolvido até a medula com um escândalo de corrupção de repercussão nacional. Desde o “mensalão”, o partido demonstra que já incorporou as velhas práticas políticas da direita. Depois de doze anos no poder, o PT não só governou a serviço dos bancos e das multinacionais, como também incorporou a compra de votos e as propinas em seu exercício da administração pública.

Por outro lado, a direita, o PMDB, o PP e, especialmente, os oposicionistas do PSDB, não tem nenhuma autoridade moral para criticar os políticos petistas. Os governos FHC estão, sem dúvida, entre os mais corruptos da história brasileira. Os desvios de verbas no decorrer da venda de importantes empresas estatais, como a Vale do Rio Doce, e a compra de votos para aprovar o direito à reeleição foram símbolos da corrupção tucana. Em São Paulo, o atual governo de Geraldo Alckmin é acusado de licitações fraudulentas nos contratos com multinacionais fornecedoras do Metrô e da CPTM.

O PT, a direita e o Congresso Nacional não nos representam!

O ano de 2015 começou quente. As mentiras que Dilma contou na campanha eleitoral e a demagogia da direita, de dentro e de fora do governo federal, já foram desmascaradas. Além da aproximação de uma grave crise econômica, o governos federal, agora, precisa enfrentar uma enorme crise política e um descrédito crescente das instituições da democracia brasileira, particularmente do Congresso Nacional.

As elites querem que o povo pobre pague a conta da crise econômica e vão, provavelmente, buscar uma saída negociada para a crise política e o escândalo de corrupção, um novo acordão para evitar um desgaste ainda maior do regime político deve ocorrer.

De nossa parte, a juventude e os trabalhadores já entraram em cena e resistem, com mobilizações e greves, ao “tarifaço”, ao ajuste fiscal, às demissões e à retirada de direitos sociais. Diante dos novos fatos políticos, para não deixar a operação Lava-Jato terminar em pizza e combater a corrupção, a juventude do PSTU defende:

 

  • Afastamento imediato de todos os envolvidos no “petrolão” de seus cargos de comando no Congresso Nacional, como mesas diretoras, relatorias, comissões e Conselho de Ética. Fora Renan  Calheiros e Eduardo Cunha!
  • Nenhuma confiança na CPI da Petrobras!   Investigação independente do escândalo de corrupção, realizada pelas organizações da classe trabalhadora, principalmente da categoria petroleira, e pelos partidos da oposição de esquerda.
  • Prisão e confisco dos bens dos políticos corruptos e das empresas corruptoras!
  • Fim do financiamento privado das campanhas eleitorais! Aprovação imediata da Adin 4650 no STF. Desarquiva já, Gilmar Mendes!
  • Demissão da nova diretoria da Petrobras! Fim do processo de privatização e das terceirizações! Estatização das empreiteiras corruptoras, pagamento imediato dos salários e benefícios atrasados dos operários! Por uma Petrobras 100% estatal, gerida pelos trabalhadores petroleiros!