Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Nesta sexta-feira, 7, foi divulgado vídeo de uma reunião secreta entre o prefeito Marcelo Crivella (PRB) e cerca de 250 pastores evangélicos, em que o prefeito pessoalmente oferece vantagens para estes. Entre as vantagens prometidas, que vão desde facilidades para isenção de IPTU até mudança de local de ponto de ônibus, chama atenção a possibilidade de que membros da sua igreja possam realizar cirurgias de catarata, varizes ou vasectomia, em poucas semanas sem nenhuma burocracia, ao contrário de todos os usuários da saúde pública da cidade.

Quem ouve Crivella falando pode pensar que a saúde do Rio de Janeiro está um paraíso. Nada mais longe da realidade. O fato é que, até abril, cerca de 15 mil pessoas estavam aguardando na fila para cirurgia de catarata, sendo que a espera pode chegar até 2 anos. Porém, para seus aliados, basta falar com sua assessora que a cirurgia é realizada em até 2 semanas.

Privatização e precarização do SUS
Desde a gestão Eduardo Paes (MDB), a saúde do Rio de Janeiro enfrenta um processo crescente de privatização. A prefeitura foi entregando a gestão das unidades de saúde para as chamadas Organizações Sociais (OS’s). Estas entidades privadas gerem recursos públicos sem nenhum tipo de controle por órgãos de fiscalização, já tendo sido comprovados diversos casos de corrupção. Além disso, é comum o desrespeito aos direitos dos trabalhadores, com assédio moral, não pagamento de direitos, ausência de plano de cargos e salários e uma longa lista.

O prefeito Crivella aprofundou este problema. Apesar de se dizer contra as Organizações Sociais, não fez nada para mudar a situação. Pelo contrário, ao cortar verbas e atrasar os repasses, aumentou ainda mais a precarização dos serviços. Desde o ano passado tivemos centenas de demissões de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e trabalhadores da saúde bucal, desabastecimentos recorrentes de medicações e insumos, e atrasos salariais. Recentemente, publicou decreto que proíbe novos repasses de verbas para empresas terceirizadas como as OS’s, mas que, ao não colocar nenhuma alternativa, ameaça agravar ainda mais essa situação.

Desta maneira, a situação dos trabalhadores que dependem do SUS só piora. As filas de espera para consultas e procedimentos aumentam cada vez mais, os hospitais estão cada vez mais superlotados, com pacientes nos corredores, sem possibilidade de um atendimento digno. Enfim um verdadeiro caos.

Os trabalhadores terceirizados da saúde, no ano passado, demonstraram qual o caminho para derrotar o governo. Protagonizaram uma grande greve que durou mais de mês, com participação ativa dos usuários, contra os planos de precarização do SUS da prefeitura, conseguindo impedir o fechamento de várias unidades de saúde e garantir o retorno dos investimentos.

Fora Crivella e seu governo
Crivella já demonstrou que, ao contrário do seu slogan, não “cuida das pessoas”. Pelo contrário, é inimigo dos trabalhadores. Atacou recentemente a previdência dos servidores, fechou acordo com as empresas de ônibus para aumento das passagens, e precariza cada vez mais a saúde e a educação.

Suas declarações na tal reunião com pastores foi um capítulo a mais dessa história. É uma confissão pública de que é corrupto e governa com interesses próprios! Não podemos aceitar que continue um dia a mais na prefeitura.

Ao mesmo tempo, não acreditamos que a saída seja apenas o impeachment. Primeiro porque não podemos confiar nesta Câmara de Vereadores, que ficou ao lado do prefeito em todos os ataques aos trabalhadores para resolver nossos problemas. Além disso, a saída de Crivella com a entrada de Jorge Felippe do MDB não vai mudar em nada a nossa vida.

Precisamos garantir mais verbas para a saúde, e o único jeito de conseguirmos isto é fazendo com que a prefeitura pare de pagar a dívida pública, o que só beneficia os grandes bancos. O governo sempre disse que não poderia fazer isso por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal. Se essa lei não serve aos interesses dos trabalhadores, que se rompa com ela. Apenas a mobilização independente dos trabalhadores pode garantir isso.

Chamamos as centrais sindicais, sindicatos, partidos de oposição como o PSOL a construir a mobilização necessária para derrubar o governo Crivella, colocar um fim no pagamento da dívida e garantir um SUS de qualidade para todos!

– Fora Crivella e todo o seu governo!

– Romper com o pagamento da dívida pública e com a Lei de Responsabilidade Fiscal!

– Pelo Fim das Organizações Sociais. SUS 100% público com suas unidades geridas por conselhos de trabalhadores e usuários!