Fala Dirceu travesso, Didi, pré-candidato a prefeito em São Paulo

Como você avalia o lançamento de Maluf e Serra para a prefeitura de São Paulo?
Os candidatos burgueses estão enxergando o enfraquecimento do governo Lula, a impopularidade de Marta, e vêem em São Paulo a possibilidade de se projetarem para as eleições presidenciais de 2006. Mas nem Maluf, nem Serra, Paulinho ou Erundina são alternativas ao governo de Marta. É preciso uma candidatura dos trabalhadores. Uma oposição de esquerda ao governo Lula e ao FMI.

No dia 20, um grupo de camelôs atirou ovos na prefeita. Qual a sua opinião?
Marta passou seu mandato perseguindo camelôs e perueiros. Daí os protestos. Não seria de se estranhar se um professor, após o corte de verbas da educação, fizesse o mesmo. Em essência, ela aplica a mesma política dos governos burgueses anteriores, por isso, as candidaturas de Maluf, Serra etc, são oposição de mentirinha.

Mas a prefeita afirma ter ampliado as verbas da educação para 31% e construído a escola do futuro, os CEUs.
Na verdade a prefeita reduziu as verbas para a educação de 30% para 25%, e ainda incluiu o pagamento dos aposentados. E, para enganar a população, construiu cerca de 20 CEUs, enquanto faltam mais de 300 mil vagas na educação infantil e as salas de aulas estão superlotadas, impedindo, assim, uma educação de qualidade para todos.

E o bilhete único, que é outra vitrine da gestão petista?
Isto não é solução para o caos do transporte em São Paulo. A solução é investir em transporte coletivo de massa, mas o governo Alckmin cortou verbas do Metrô e da Ferrovia. Já a Marta favoreceu um punhado de empresários com contratos milionários de muitos anos. Mas o transporte continua caro e ruim. Se houvesse compromisso com a população ela estatizaria as empresas, reconstruiria a CMTC (empresa municipal de transportes) e implantaria uma tarifa social com passe-livre para estudantes, idosos e desempregados.

E a saúde melhorou com o fim do PAS?
Não deu tempo. A Marta entrou e implantou o PAS-2. Entregou o programa saúde da família para entidades privadas, enfraqueceu as unidades básicas de saúde e transformou os hospitais e Postos de Saúde em autarquias. Assim aplicou as políticas do Banco Mundial e atacou ainda mais a saúde pública. É necessário duplicar os investimentos na saúde, em particular do Orçamento federal, onde Lula prioriza os bancos e o FMI.

A prefeita diz que não há recursos…
Mas ela paga religiosamente a dívida ilegítima feita pelo malufismo através da emissão fraudulenta de precatórios. São 13% das receitas do município, mais de um bilhão de reais por ano. A única dívida do Maluf que ela não paga são os 81%
dos servidores. Por isso temos professores que ganham, no início de carreira, quase R$ 500 mensais por 20 horas aula.

E as taxas do lixo e de luz. O PSTU apóia?
Defendemos o fim das taxas de lixo e de luz. O PSTU apóia um IPTU fortemente progressivo, com ampliação da isenção para os imóveis mais baratos. Quem tem que pagar imposto são os bancos, que ganham bilhões, e não o povo trabalhador.

Qual a proposta do PSTU?
Defendemos o não pagamento da dívida municipal para o governo federal, bancos, empreiteiras e FMI. Com estes recursos é possível ampliar o investimento em educação, saúde, moradia, transporte, funcionalismo. Sem parar de pagar a dívida não haverá mudanças de verdade. Além disso, não acreditamos que a Câmara Municipal, eterno palco de corrupção, possa representar os interesses do povo trabalhador de São Paulo. Precisamos construir conselhos populares com representação dos trabalhadores, associações de bairro, de estudantes, para compormos um Conselho Municipal que realmente governe.
Por fim, para transformar São Paulo, temos que fortalecer a luta para derrotar as políticas de Lula e do FMI.

Quando será a convenção do PSTU?
Será no final de junho, porque, enquanto os demais partidos estarão fazendo festas milionárias para lançar seus candidatos, o PSTU, junto com os sindicalistas e ativistas da Conlutas, estão convocando um ato, em Brasília, no próximo dia 16, contra as reformas Sindical e Trabalhista, esse salário mínimo de fome, e pela ruptura com a Alca e o FMI. Só com organização e luta é que os trabalhadores conquistarão uma sociedade socialista.

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