Como desdobramento do ato realizado domingo, na Avenida Paulista, uma reunião com mais de vinte organizações políticas, sindicais, estudantis e populares lançou, na noite de segunda, 23 de janeiro, o “Comitê de Solidariedade ao Pinheirinho”.

Como ressaltou o companheiro Gegê, dirigente da Apeoesp e da CSP-Conlutas, ao abrir a reunião, “a enorme adesão de entidades e ativistas nas ações de repúdio ao crime que está sendo cometido no Pinheirinho é um reflexo não só da gigantesca atrocidade que está sendo cometida contra aqueles 9 mil homens, mulheres e crianças, mas também da percepção de que este massacre está longe de ser um fato isolado. Estão aí os lamentáveis exemplos das UPP´s, no Rio, do incêndio criminoso na Favela do Moinho, os ataques na USP e o que está ocorrendo na região da cracolândia. Todos eles exemplos de um projeto de “higienização social”, criminalização da pobreza e dos movimentos que a combatem. Uma verdadeira ofensiva contra os pobres”.

Depois de ouvirem um emocionado relato de Altino Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que acabara de chegar de um dia de atividades em São José dos Campos (incluindo uma passagem pela igreja em que mais de mil pessoas, centenas delas crianças, estão refugiados em situação de extrema penúria), os presentes à reunião aprovaram um calendário de atividades para intensificar a campanha, denunciar os governos do estado, a prefeitura de S. José, o sistema judiciário e a brutal ação policial.

Também houve consenso em intensificar a pressão para que o governo federal resgate a função social da área do Pinheirinho e ponha fim ao sofrimento de seus moradores. “Dilma já poderia ter evitado esta tragédia e não o fez. Agora, com uma simples canetada era pode por fim à dor e ao sofrimento daquelas milhares de pessoas. E se não o fizer, será cúmplice deste crime contra a população pobre deste país”, afirmou Ana Luiza, dirigente dos servidores do judiciário, falando em nome do PSTU.

Organizar a solidariedade e ir à luta
Devido a urgência da situação e a quantidade de atividades que estão sendo programadas pelos mais diversos setores da sociedade, os presentes decidiram constituir um Comitê para coordenar as atividades na cidade e região da Grande São Paulo.

Além de ajudar na organização e divulgação dos protestos que estão sendo convocados, o Comitê também irá centralizar a campanha financeira e de auxílio material aos desabrigados, hoje uma das maiores necessidades daqueles que foram expulsos de suas casas. Serão montados postos de arrecadação de alimentos, roupas e doações e entidades, políticos e artistas serão procurados para contribuir financeiramente.

As atividades começaram a tomar as ruas nesse dia 25 de janeiro, feriado em função do aniversário da cidade. Durante todo o dia, o Comitê irá conclamar a população a dar um verdadeiro presente para São Paulo e protestar em defesa do Pinheirinho. A campanha vai tomar as ruas, com cartazes, faixas e a panfletagem de uma “Carta Aberta”, esclarecendo a população sobre o que realmente está acontecendo no Pinheirinho e chamando todos à solidariedade. Além disso, programadas algumas atividades centrais:

  • 9 horas: concentração na Praça da Sé, onde autoridades comparecerão à missa que será realizada, com posterior deslocamento para o Pátio do Colégio, onde ocorrerá outro evento.
  • 12 horas: ato na frente da prefeitura, onde o governador “General” Alckmin e presidente Dilma estarão sendo homenageados pelo prefeito Kassab.

    Na quinta, os membros do Comitê irão se integrar à panfletagem do material que está sendo produzido pelo Sindicato dos Metroviários e será distribuído nas principais estações da cidade.

    Coerente com a avaliação que fez sobre a “globalidade” da ofensiva, o Comitê também irá se incorporar a outras duas atividades que já vinham sendo organizadas para protestar contra os desmandos da elite paulista e sua polícia. No dia 01 de fevereiro, um grande ato acompanhará a audiência pública sobre o Pinheirinho, que ocorrerá na Assembléia Legislativa de S. Paulo.

    Já no dia 9 de fevereiro, a luta em defesa do Pinheirinho também irá engrossar os protestos que estão sendo organizados pelos entidades do movimento negro e popular contra a onda de racismo, higienização social e ataques à comunidades pobres e carentes.

    Junte-se à luta
    Diversas outras atividades também já estão sendo encaminhadas na base de cada uma das categorias e setores sociais presentes. Para coordenar estas ações, uma nova reunião está convocada para hoje, 24 de janeiro, às 17h, na sede estadual da CSP-Conlutas (Praça Padre Manuel de Nóbrega, 16 – 4° andar).

    Mais de 20 organizações já integram comitê
    Entidades presentes na reunião que formou o “Comitê de Solidariedade ao Pinheirinho”, em São Paulo: Assembléia Nacional dos Estudantes-Livre (ANEL), CSP-Conlutas, Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal (Fenajufe), Federação Nacional de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), Fórum Popular de Saúde, Intersindical, Pastoral Operária, Movimento Quilombo Raça e Classe, Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas Osasco e Vinhedo, Resistência Urbana, Sindicato dos Metroviários, Sindicato dos Servidores Federais (Sindsef), Sindicato dos Previdenciários (Sindsprev), Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário (Sintrajud), Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Unidos pra Lutar.

    Além dos representantes destas entidades, também participaram da reunião companheiros e companheiras organizados nos movimentos de oposição da Apeoesp, dos trabalhadores bancários, dos correios e do Sindicato do Profissionais de Educação do Município de São Paulo (Simpeem). Partidos e organizações políticas também se integraram no comitês, através de militantes e dirigentes do PSTU, do PSOL, do Partido Operário Revolucionário (POR) e da Liga da Esquerda Revolucionária (LER).

    Além disto, vários ativistas independentes que têm se engajado nas atividades de solidariedade ao Pinheirinho também compareceram à reunião e se comprometeram a utilizar dos meios que têm acesso para impulsionar a campanha.