PSTU-São Gonçalo

O PSTU participou das eleições municipais de 2020 apresentando uma alternativa socialista e revolucionária em várias cidades pelo país, e em São Gonçalo não foi diferente. Através da candidatura de Dayse Oliveira a prefeita, Roberto Baeta a vice-prefeito e Raoni Lucena a vereador, discutimos os problemas específicos da cidade, apresentando saídas concretas vinculadas à necessidade de enfrentar e romper com o capitalismo, rumo a uma revolução socialista, para que os trabalhadores possam governar através dos conselhos populares. Levantamos também a bandeira do Fora Bolsonaro e Mourão, contra aqueles que são os principais responsáveis no país pelas quase 170.000 mortes da Covid-19, pela crise econômica que leva cada vez mais trabalhadores ao desemprego e à miséria e defendem a volta à ditadura militar.

Estamos felizes com a campanha que fizemos e com o programa que apresentamos. Seria um erro deixar de oferecer para São Gonçalo uma alternativa programática nas eleições às variações de administração do capital defendidas pelos outros candidatos.

Agora, estão no segundo turno Capitão Nelson (Avante) e Dimas Gadelha (PT). Curiosamente, nenhum dos dois candidatos compareceu a nenhum dos debates organizados na cidade. Ambos se apoiaram bastante durante a campanha em figuras públicas externas, Nelson em Bolsonaro e Dimas no prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT) e Washington Quáquá (PT), ex-prefeito de Maricá.

O candidato do Avante é um representante do bolsonarismo mais violento e repressivo. Teve como carro chefe de sua campanha a defesa do aumento da violência policial como forma de combater o controle das organizações criminosas em territórios da cidade. Essa linha se manifestou na sua principal promessa de campanha: “retirar as barricadas” (que os narcotraficantes utilizam para impedir o acesso da polícia). Vereador em duas gestões na cidade e eleito suplente para deputado estadual em 2018, Nelson assumiu o cargo após o titular ter sido preso na operação “Furna da Onça”. Ele foi citado na Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) que investigou as milícias no Rio de Janeiro, tendo sido acusado de chefiar organização criminosa que atuava no bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo.

Alinha-se e defende Bolsonaro em tudo o que ele representa, desde o uso da repressão sobre a população e os trabalhadores, exaltação da ditadura e do militarismo, ataque às liberdades democráticas, propagação do machismo, da LGBTfobia, entre outras barbaridades. É uma candidatura à qual o PSTU combate e se opõe com toda força, chamando toda a população a rejeitar esta opção da extrema-direita bolsonarista na cidade.

Já Dimas, embora se candidate pelo PT, pouco ou nada tem a ver com a história do partido. Foi secretário de saúde dos dois últimos governos municipais (José Luís Nanci, do Cidadania, e Neilton Mulin, do PR) e candidato a deputado federal em 2018 pelo DEM, partido que, nas últimas eleições presidenciais, fez campanha para Bolsonaro no segundo turno contra o candidato petista Fernando Haddad.

Nas eleições municipais, Dimas tem defendido como sua principal proposta, o ônibus “vermelhinho”, tendo como referência a proposta da cidade vizinha Maricá. Estes seriam ônibus da prefeitura, com tarifa zero ou muito baratas. Esta proposta parece ousada, ainda mais a partir de uma empresa municipal de transportes, o que se configuraria um enfrentamento à famosa “máfia dos transportes” da cidade, organizada então no Consórcio São Gonçalo. Entretanto, ao não se propor em nenhum momento da campanha ou de sua vida política a se enfrentar com os empresários deste setor, Dimas nos faz acreditar que será mais uma promessa para atrair o eleitor injuriado com o alto preço das passagens e os péssimos serviços prestados pelo Consórcio, assim como foi a famosa “passagem a 1,50” prometida pelo ex-prefeito Neilton Mulim.

Na primeira semana de campanha do segundo turno, Dimas deu uma demonstração de seu alinhamento com setores de direita assinando uma “carta à igreja cristã” onde expressa seu acordo com bandeiras retrógradas, preconceituosas e antidemocráticas, dizendo-se contra a “ideologia de gênero”, a “legalização do aborto”, a “doutrinação nas escolas”.

Nem Dimas Gadelha nem Capitão Nelson representam um programa de enfrentamento aos grandes empresários. Nenhum dos dois está associado a alguma luta dos movimentos sociais, sindicais ou populares da cidade. Inclusive, no ponto mais central da campanha de Nelson, Dimas não se diferencia significativamente. Enquanto o primeiro propõe aumentar as ações violentas das forças policiais nas favelas, o segundo nunca disse que vai se empenhar para reduzi-las ou mudar a lógica com a qual a polícia atua, mas sim que vai instalar um sistema de monitoramento por câmeras, o que, por si só, não garante maior segurança e sim maior vigilância sobre a classe trabalhadora, podendo, inclusive, ser usado contra os movimentos sociais organizados da cidade.

Assim, entendemos que nenhum dos dois candidatos representa uma alternativa real para a classe trabalhadora gonçalense. Seja lá quem estiver à frente da prefeitura ano que vem, estará ao lado do governo federal e estadual na aplicação da reforma administrativa e dos planos de ajuste fiscal. Estará empenhado em salvar o lucro dos grandes empresários e banqueiros mesmo que para isso seja necessário jogar a conta da crise ainda mais nas costas da classe trabalhadora.

Por isso, nesse segundo turno, o PSTU defende o voto nulo em São Gonçalo. As eleições vão passar, mas os ataques à classe trabalhadora, às mulheres, aos negros e negras e LGBTs vão continuar. Convocamos a classe trabalhadora e a população pobre e oprimida a confiar em suas próprias forças e, organizada, resistir aos ataques que vão seguir. É fundamental fortalecer os espaços de concretos de construção unificada das lutas dos trabalhadores, como o Fórum Sindical e Popular de Niterói e São Gonçalo. Temos que lutar contra a volta às aulas enquanto a pandemia não estiver controlada, contra a reforma administrativa e em defesa dos serviços públicos e contra o genocídio negro que ceifa vidas diariamente nas favelas e bairros pobres de São Gonçalo e pelo Fora Bolsonaro e Mourão.