Secretário vem ao Brasil quando milícias declaram guerra a tropas da ONUDonald Rumsfeld, secretário de Defesa dos Estados Unidos, foi recebido no último 23 em Brasília, pelo presidente Lula e pelo vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar. Rumsfeld elogiou o papel do Brasil à frente da ocupação do Haiti: “É o exemplo do papel do Brasil no mundo e na região”.

Declaração de guerra
O falcão de Bush vem ao Brasil no momento mais crítico da ocupação. Grupos de ex-militares haitianos convocaram, no dia 21 de março, uma guerrilha contra as forças da ONU no Haiti. A declaração dos ex-soldados ocorreu em um momento de crise, dois dias antes da publicação de um relatório com abusos cometidos pelos capacetes azuis e um dia após dois soldados da ONU terem sido mortos. Diante das ações cada vez mais violentas das tropas, o grupo de ex-militares resolveu convocar a guerrilha. “Convoco vocês [ex-militares] a adotarem o comportamento de guerrilheiros”, disse o líder Joseph Jean-Baptiste.

Os EUA planejam eleições para outubro, como fizeram no Vietnã, nos anos 70, e no Iraque, neste ano. Para cumprir tal plano, precisam da colaboração de Lula. O petista, evidentemente, não recusou.

Combate ao “terrorismo”
Rumsfeld foi também a Manaus, onde visitou o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). O sistema, inaugurado em 2002, foi desenvolvido pela americana Raytheon e pode monitorar a movimentação na selva, inclusive de tropas.

Não por acaso, um dos temas escolhidos por Rumsfeld foi o combate aos grupos guerrilheiros da América Latina. Segundo ele, “Brasil e EUA pensam em trabalhar juntos para combater o terrorismo”. Os EUA, com o Plano Colômbia, têm utilizado o narcotráfico como justificativa para armar o exército colombiano contra a guerrilha das FARCs. Também questionou a compra de 100 mil fuzis AK-47 pelo governo venezuelano de Hugo Chávez.

Post author Yara Fernandes, da redação
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