Na manhã do último dia 7 de novembro, um grupo de professores, liderados pelo 7º Núcleo do CPers/Sindicato, entidade que representa os professores e trabalhadores em educação do estado, esteve em frente a uma rádio local da cidade de Passo Fundo, interior do rio Grande do Sul. Eles protestavam contra o pacote de medidas anunciado pela governadora Yeda Crusius (PSDB) e contra um deputado-radialista que integra a base aliada do governo. Em frente à emissora, deixaram uma caixa de papelão contendo esterco de cavalo, leite estragado e produtos químicos que exalavam um terrível e forte cheiro.

Imediatamente a emissora moveu uma verdadeira campanha contra o protesto dos professores. Muitos ouvintes manifestaram-se, criticando o ato.

Entretanto, é curioso observar que as mesmas vozes que protestaram contra o esterco empacotado diante da rádio, aplaudem toneladas de esterco despejadas avenida afora em desfiles cívicos.

As vozes que criticaram o ato do 7º Núcleo do CPers são as mesmas que apoiaram as privatizações dos governos de Britto, Rigotto e Yeda, que retiram do Estado a capacidade de auto-sustentação (venda da Ceee, CRT e outras) e jogam a conta da manutenção dos serviços públicos sobre as costas da sociedade, na forma de aumento de impostos.

O fedorento pacote de medidas de Yeda não tem diferença do massacre aplicado por Lula desde seu primeiro dia como presidente contra os trabalhadores. Além disso, as medidas propostas por Lula nas reformas sindical, trabalhista, previdenciária e universitária retiram direitos dos trabalhadores.

O único objetivo de ambos é fazer a população pagar cada vez mais impostos e reduzir cada vez mais o salário dos trabalhadores em geral e servidores em particular; aumentar cada vez mais tributos e diminuir para cada vez menos a qualidade dos serviços prestados pelo Estado. E tudo isso para quê? Para engordar os banqueiros, que acumulam lucros recordes, ano após ano.

Qual o pior cheiro? O do corajoso protesto dos professores na defesa dos seus direitos ou o da corrupção do governo Yeda, com um escândalo por dia? O que é pior: ovo podre ou salário baixo? Leite estragado ou o caso do Detran? Esterco ou corrupção? Do Palácio Piratini sai um mau-cheiro que já atravessou a praça da Matriz e contagiou até o Palácio Farroupilha, sede da Assembléia Legislativa do RS, como se pode ver na CPI dos pedágios e no caso “Macalãogate”.

Estamos mergulhados num mar de lama e o protesto dos professores cumpriu seu objetivo: chocar a sociedade. Até quando vamos ficar calados diante do mau-cheiro que empesteia nossa vida?

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