O governo Lula e o FMI estão comemorando o crescimento do saldo da balança comercial, que no primeiro semestre alcançou US$ 22 bilhões. Nesta festa, comemoram os banqueiros nacionais e internacionais, pois este “saldo” da balança comercial são os dólares que o país usará para pagar juros a estes agiotas. Também estão convidados à comemoração os exportadores brasileiros – como o ministro Furlan, da Sadia, e o latifundiário Roberto Rodrigues – que viram seus lucros dispararem.
Nesta festa os trabalhadores foram barrados. Palocci fechou a porta, ao dar o tom para que banqueiros, empresários e empresas estatais não garantissem a reposição das perdas.

O governo joga o país na recessão, diminui o consumo e arrocha salários dos trabalhadores para aumentar as exportações, e garantir o pagamento em dia dos juros aos banqueiros.

Até agosto, o governo tinha transferido para os banqueiros internacionais 10% do Produto Interno Bruto do Brasil, R$ 90 bilhões. E como não foi suficiente o corte de R$ 60 bilhões no orçamento no início do ano, e depois mais R$ 14 bilhões, agora corta mais R$ 600 milhões.

Gerar saldo na balança comercial significa buscar mercado para o que o Brasil produz. Em Cancún, durante a reunião da OMC, em vez de buscar reunir os países subdesenvolvidos e criar um pólo de resistência contra o pagamento da dívida externa, o governo estava mais preocupado em garantir mercado para os fazendeiros. O fato é que se aprofunda a política econômica de FHC. E sua base fundamental é o arrocho salarial.

É o governo que está determinando o limite das negociações atuais. Para que as exportações brasileiras encontrem mercado “lá fora”, ela tem que ir bem baratinha, por isso, o salário dos metalúrgicos não pode ser reajustado de acordo com a inflação, afirma Palocci.

Para gerar o superávit primário nas contas do governo, as estatais não podem tirar lucro dos acionistas privados, então negam o reajuste aos trabalhadores, de acordo com a inflação.

Enquanto isso a direção da CUT não move uma palha para fortalecer e unificar a luta dos trabalhadores. Marca o dia 25 e não prepara uma ação coordenada. Ao contrário, assistimos de parte dos dirigentes sindicais ligados ao PT e ao PC do B, a “base aliada” do governo no movimento sindical, uma verdadeira operação desmonte. O golpe foi dado nos Correios, com um “acordo” sem a maioria dos sindicatos e sem uma plenária nacional.

Esta semana será a vez de bancários e petroleiros discutirem as propostas de banqueiros e governos: nenhuma atende aos interesses dos trabalhadores. Sem greve não haverá reposição das perdas. Sem “passar por cima” das direções governistas não haverá conquista.

Mas ao mesmo tempo em que devemos ir a greve por salário, devemos lutar pela ruptura dos acordos com o FMI, nos guiar pelo exemplo dos trabalhadores bolivianos que tomaram em suas mãos a luta contra o roubo de suas riquezas pelo imperialismo. Preparar a greve unificada e exigir a ruptura com o FMI é o desafio das campanhas salariais.

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