Quando fechávamos esta edição, o governo usava o “rolo compressor” para votar o relatório de José Pimentel (PT-CE) na Comissão Especial e tentar acelerar a tramitação da “reforma” no Congresso.

Depois de ter amargado uma crise explícita na semana anterior e estar sentindo o baque da greve dos servidores, o governo engatou uma contra-ofensiva. Na base do vale tudo, da truculência e do autoritarismo, ele quer sinalizar para o “mercado” que a aprovação das “reformas” não está ameaçada e tentar acelerar o passo, porque o tempo joga contra ele e ameaça sim a aprovação da PEC do FMI.

Daí estar usando o vale tudo. O espetáculo da truculência no dia 23 teve vários atos: oito parlamentares da Comissão Especial foram substituidos por suplentes por discordarem do relatório; a PM e a tropa de choque invadiram o Congresso, convocadas por João Paulo Cunha (PT-SP), presidente da Câmara; Rogério Marzola, diretor da Fasubra e militante do PSTU foi preso e espancado por 20 policiais.
Tudo para “demonstrar força” ao mercado e tentar a votação final na Câmara ainda na primeira semana de agosto e, se possível, até antes.

“Negociações” de cúpula e nenhum debate

A crise nas alturas na semana anterior demonstrou que o governo é mais frágil do que aparenta. A greve – arma mais forte contra esse projeto do FMI – fez com que aflorasse esse crise e demonstrou que a reforma pode ser derrotada. A correlação de forças no país – ao contrário do que dizem muitos – é favorável à luta dos trabalhadores.

É por isso mesmo que o governo detona essa contra-ofensiva. É por isso também que ele não permite um debate sério sobre a “reforma” e nunca negociou nada com os servidores, só com o “mercado”, governadores, cúpula do Judiciário e parlamentares. Até a direção majoritária da CUT foi deixada de boné na mão.

Nesse momento, mesmo amargando um tremendo desgaste, ele vai tentar o vale tudo para acelerar a PEC. A mídia, por sua vez, voltou à carga na campanha contra os “privilegiados”.

Porém, nem tudo são flores para a contra-ofensiva governista e seu projeto do FMI. Muita água e muita crise ainda vai rolar. É possível derrotar a PEC. Vamos acelerar o passo também do movimento.

Post author Mariúcha Fontana,
da redação
Publication Date