Paralisação de ônibus em São Paulo
(Foto: Raíza Rocha)

Motoristas e cobradores de várias outras cidades vão à luta

A exemplo da forte greve de 48h dos rodoviários do Rio de Janeiro na semana passada, motoristas e cobradores de várias outras cidades também foram à luta.
 
Depois do início dessa semana ter sido marcado por dois dias de intensos protestos da categoria em São Paulo, nesta quinta-feira, dia 22, outras 13 cidades da região metropolitana paulista, como Osasco e Diadema, segundo informações na imprensa, também registraram paralisações e manifestações da categoria. Em São Luís, no Maranhão, motoristas e cobradores também entraram em greve nesta quarta-feira, 28 de maio.
 
Reajuste salarial, melhorias na cesta básica e nas condições de trabalho e medidas contra o assédio moral são, em geral, as principais reivindicações das bases.
 
Como sempre, empresas, prefeituras e a imprensa fazem um brutal ataque à luta dos trabalhadores, tentando jogar a população contra a categoria e criminalizar a mobilização, com interditos proibitórios e liminares para obrigar a circulação dos ônibus.
 
Apesar de tudo, as lutas seguem com muita força, inclusive passando por cima das direções sindicais pelegas, como aconteceu no Rio de Janeiro e em São Paulo.
 
A máfia dos transportes
As mobilizações dos rodoviários são totalmente legítimas. São trabalhadores que chegam a trabalhar até 12h por dia e muitos cumprindo dupla função, em que um mesmo trabalhador é motorista e cobrador, com salários brutos em média de R$ 1.500 para motoristas, e R$ 800 para cobradores.
 
A população enfrenta um serviço ruim e caro. Nas cidades, a realidade é ver ônibus permanentemente lotados, principalmente nos horários de pico. Os horários são poucos e o número de ônibus em circulação é insuficiente. Esses foram, inclusive, os motivos que levaram à explosão das manifestações de junho do ano passado.
 
Já as empresas de ônibus vão muito bem. Segundo O Globo, entre 2011 e 2012, empresas de ônibus da cidade de São Paulo chegaram a aumentar seu lucro líquido em até 2.056%. Os dados podem ser verificados nas planilhas de custo das empresas, disponíveis em arquivos da Secretaria municipal de Transportes e divulgadas também pelo Fórum de Transparência e Controle Social de São Paulo.
 
No caso da Viação Santa Brígida, por exemplo, que opera na área 1 da cidade, demonstrações dos resultados dos exercícios da empresa nos dois anos mostram que seu lucro líquido passou de R$ 340.735, em 2011, para R$ 7.346.690, em 2012. Uma variação de 2.056%.
 
As empresas também receberam R$ 22,2 bilhões da SPTrans (autarquia gestora da Prefeitura de SP), de janeiro de 2010 a março de 2014, de acordo com dados do Portal da Transparência da Secretaria Municipal de Transportes.
 
O valor, que representa os subsídios pagos pelo poder público e o valor da tarifa, que é registrada pela SPTrans e depois devolvida às empresas, é equivalente ao necessário para construir 22 “Itaquerão”, estádio de abertura da Copa.
 
O último acordo pelo aumento dos subsídios mensais ocorreu há menos de um ano, depois dos protestos de junho de 2013. Passaram de uma média de R$ 230 milhões mensais, em 2012, para cerca de R$ 300 milhões mensais pagos atualmente.
 
Uma reportagem do jornal O Globo também mostrou que metade das capitais do país não tem licitação de ônibus urbano, e que empresas e empresários do ramo estão inscritos na dívida ativa da União com um montante de quase R$ 3 bilhões em dívidas previdenciárias e tributárias. Apesar disso, parte continua a ganhar licitações.
 
Estatização dos transportes e tarifa zero, já!
O fato é que com a greve dos rodoviários vem à tona novamente a verdadeira máfia que impera nos transportes pelo país. Um setor que se enriquece a custa da exploração e sofrimento da população e dos trabalhadores.
 
A mobilização coloca em xeque as empresas, mas também os governos, responsáveis pelos contratos de concessão e que concedem subsídios e, na maioria das vezes, são coniventes com as empresas do setor, na sua maioria doadoras de campanhas eleitorais.
 
Por isso, é absurdo que, como aconteceu no Rio e agora em São Paulo, os prefeitos tratem os rodoviários como criminosos. Os governos devem atender imediatamente as reivindicações.
 
Enquanto o transporte público estiver nas mãos dos grandes empresários, não será garantido um transporte de qualidade à população. É preciso romper com as máfias das empresas privadas de ônibus, estatizar o transporte, com controle dos trabalhadores e da população e garantir Tarifa Zero.
 
Todo apoio às lutas dos trabalhadores!
Não à criminalização dos rodoviários em greve!
Atendimento das reivindicações já!
2% do PIB para o transporte público!
Estatização e tarifa zero!