O movimento, apesar de sofrer duro ataque de toda a imprensa e dos patrões das empresas de ônibus, manteve sua forçaO primeiro dia dessa batalha por reajuste nos salários foi emocionante. Todos os ônibus que circulavam na cidade passaram a ser conduzidos em marcha lenta pelo carro de som do Sindicato dos Rodoviários. O destino do protesto foi a sede da entidade dos patrões. No trajeto dos ônibus, a população acenava aos trabalhadores, demonstrando apoio ao movimento.

Democracia operária falou mais alto
A greve, desde o início, mostrou a força do trabalhador rodoviário. A base participou de todos os momentos, desde a preparação da refeição, distribuição, comando de defesa do movimento e análise diária das propostas das empresas.

Um debate que foi bastante feito nas assembléias foi sobre o papel da Justiça burguesa e a denúncia de que, nos julgamentos dos dissídios coletivos, sempre assume o lado das empresas. “Nosso movimento grevista está forte porque o trabalhador cansou de acreditar em julgamentos que no final das contas só favoreciam ao lucro do patrão. Independentemente do resultado da greve, já existe um clima de fortalecimento da classe, pois essa paralisação de quatro dias já mostrou sua força pelas ruas da cidade”, afirmou Joinville Frota, militante do PSTU e organizador da Conlutas no Amapá.

A força da categoria em greve forçou a patronal negociar. Em audiência na Justiça do Trabalho, se deu uma batalha entre patrões e trabalhadores das empresas de ônibus de Macapá (AP). Do lado de fora do tribunal, a categoria se concentrava com faixas e muita disposição para continuar a luta.

Depois de muitos debates, chegou-se a uma proposta: 6,5% de aumento salarial, 7% de aumento na cesta básica que foi R$ 122, vale-almoço a partir de 7h40 trabalhadas, dois meses de estabilidade. Daqui a dois meses, se discutirá o plano de saúde e a liberação de mais diretores para a atividade sindical.

No final, todos saíram em passeata pelo centro da cidade gritando a palavra-de-ordem que marcou a greve: “quero ver, quero ver / quem decide o salário / trabalhador unido / ou um bando de empresários”. A sensação de vitória que ficou dessa experiência é fundamental. Os rodoviários puderam ver e sentir de perto o papel que cumprem as instituições burguesas – governo, imprensa e Justiça – sempre contra os trabalhadores e a favor dos patrões.

Também foi importante para que a categoria percebesse a força de sua mobilização. Com certeza, as próximas lutas poderão conquistar bem mais.