Sob direção de luta,rodoviários de Fortaleza (CE) vão à greve por recomposição salarialOs trabalhadores rodoviários de Fortaleza deram início a uma greve no dia 7 de junho, segunda-feira, em cumprimento à decisão da assembléia da categoria, realizada no último dia 3. A paralisação teve início logo após a volta do Congresso da Classe Trabalhadora, realizado nos dias 5 e 6 de junho, em Santos (SP), onde os trabalhadores rodoviários de Fortaleza participaram do evento representados por cinco delegados que já voltaram fortalecidos com a criação de um novo instrumento para fortalecer as lutas da classe trabalhadora do nosso país, uma central sindical, popular e estudantil.

Mobilização
Após doze anos sob a tutela de uma direção corrupta e pelega, que vinha, ano após ano, entregando a campanha salarial dos rodoviários aos patrões, negociando à revelia da categoria, os rodoviários demonstram grande disposição de luta e confiança na direção do Sindicato.

Os rodoviários de Fortaleza acumularam perdas salariais significativas nesses últimos anos. Há dez anos, recebiam cerca de 4,7 salários mínimos. Hoje, não alcançam dois salários. Além disso, têm uma jornada de trabalho extenuante que atinge 12 horas por dia. Há, ainda, problemas de segurança e de saúde decorrentes da mais profunda exploração.

Os rodoviários se enfrentam nessa greve com a truculência dos patrões, do Sindiônibus, da Prefeitura (através da Etufor), os quais têm o apoio da Justiça, da Polícia e da Imprensa. Nesse caso, o apoio da população usuária do transporte coletivo de péssima qualidade se revela de fundamental importância para uma vitória do movimento grevista. Foi distribuída uma carta à população explicando os motivos da greve e solicitando a compreensão e o apoio de todos os trabalhadores em nome da unidade da classe.

Apesar da liminar da justiça que determinou que 70% da frota circulasse nos horários de pico e 50% nos horários normais, que já beneficiava sobremaneira a patronal, houve descumprimento por parte dos patrões, no primeiro dia de greve, com circulação, inclusive, dos ônibus de “chupetilha” (ônibus extra).

Diante disso, os rodoviários sentindo-se humilhados e, ao mesmo tempo, indignados, deram uma resposta à altura. Sob a direção do Sindicato, realizaram uma belíssima manifestação no Terminal da Parangaba, paralisando 100% o movimento de ônibus nesse terminal durante uma hora – das 12 às 13 horas. Além da categoria, participaram do ato professores, bancários, operários da construção civil, trabalhadoras da confecção feminina, trabalhadores dos correios, estudantes etc que haviam acabado de chegar do Congresso de Unificação.

O mais importante, sem dúvida, foi o apoio e a compreensão da população, que chegou a vaiar e colocar para correr o representante do Sindiônibus – sindicato patronal – que se encontrava no terminal tentando insuflar a população contra o movimento paredista.

O segundo dia de greve, na terça-feira, começou com mais ânimo por parte dos trabalhadores e foi marcado por paralisações mais intensas. Foram paralisadas quatro grandes empresas por 24 horas – Dragão do Mar, Via Máxima, Timbira e São José – totalizando cerca de mil trabalhadores de braços cruzados, o que equivale a cerca de 30% da frota total de ônibus. Nas quatro empresas, a adesão foi de 100%. Na Timbira, os rodoviários fizeram uma passeata até a sede do Sindicato. O dia foi encerrado com uma grande assembléia, que lotou o auditório do Sintro e reafirmou a disposição de seguir em greve até a vitória final.