Greve traz à luz mais uma vez o problema do transporte público nos grandes centros urbanos

As manifestações pautaram a questão do transporte público no Brasil, que é caro e de péssima qualidade.  As “Jornadas de Junho”, levaram para o debate questões como o Passe-livre, a qualidade da frota de ônibus e trens, os gastos exorbitantes em função das obras da Copa e o pouco investimento em mobilidade urbana.

Em Porto Alegre, as mobilizações também trouxeram à tona a complicada situação dos rodoviários que há muito tempo têm ajustes salariais abaixo da inflação e jornadas extenuantes de trabalho. A luta para mudar esse quadro evidenciou a disputa tocada pela base do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre contra sua direção.

Rodoviários cruzam os braços  
Até o fechamento desta matéria, os rodoviários protagonizavam oito dias de paralisação, dos quais metade em greve geral, quando não saiu nenhum ônibus da garagem. Uma greve organizada pela base dos rodoviários contra o sindicato que há anos dirige a categoria de mãos dadas com os empresários do transporte público.

Os rodoviários lutam por um aumento de 14%, para uma carga de trabalho de 6 horas diárias, um aumento do ticket de R$ 20, pela manutenção do plano de saúde e que a população não tenha um novo aumento da passagem. Os empresários que têm lucros excessivos, como apontado pelo relatório do Tribunal de Contas do Estado do Rio grande do Sul, é que devem pagar a conta.

A postura da Prefeitura
Os verdadeiros culpados pela greve são os empresários de ônibus que se negam a negociar e a prefeitura que é aliada dos empresários do transporte e maior responsável pelas condições do transporte público em Porto Alegre. O Prefeito Fortunati, a todo momento, faz declarações tentando tirar suas responsabilidades em relação à situação do transporte e a greve, como se estivesse se tratando de uma questão entre os empresários e os trabalhadores rodoviários. Fortunati se nega a atacar os lucros dos empresários do transporte e não só não atende as reivindicações, como se nega a implementar o Passe-livre municipal.

Diferente do que o prefeito fala, não se trata de retirar investimentos de uma área social para colocar em outra, mas sim de parar de gastar dinheiro público em obras da Copa e isenções para a máfia do transporte. Os maiores prejudicados desse conluio entre governantes e empresários são os trabalhadores  da cidade.

 “A cidade está refém da ganância dos empresários e da intransigência de Fortunati. Não atender as demandas dos rodoviários é optar pelo aprofundamento do sofrimento da categoria e da população”, opina Matheus Gomes, da juventude do PSTU e integrante do Bloco de Lutas.

O Bloco de Lutas
Um dos principais atores das mobilizações do ano passado, o Bloco de Lutas, retoma as ruas para reivindicar um transporte público de qualidade, lutar contra o aumento das passagens, pelo Passe-livre estudantil e apoiar a forte greve dos rodoviários.

Já foram realizados dois atos em Porto Alegre convocados pelo grupo. O primeiro foi antes da greve dos rodoviários, com cerca de 2 mil manifestantes, e o segundo durante a greve, indo ao ginásio Tesourinha, onde os rodoviários realizavam nova assembleia e percorrendo as principais ruas e avenidas do centro da cidade.

A resposta dos governantes tem sido a repressão. A PM comandada pelo governador Tarso Genro (PT) age para reprimir o movimento. A Brigada está a todo o momento fichando os manifestantes, no marco da Lei Geral da Copa, para assediar e atacar o movimento. Não devemos aceitar calados essa ofensiva autoritária dos governos para tentar impor que na Copa não vai haver mobilização.

Outras paralisações
Motivados pela greve dos rodoviários, dois outros setores param suas atividades na cidade. Os trabalhadores dos Correios e os da saúde do município também entram em greve reivindicando melhores salários e condições de trabalho.

É hora de todos os movimentos sociais, sindicatos, movimentos estudantis e populares cercarem de solidariedade a mobilização e paralização dos rodoviários. A vitória dessa greve é a vitória de toda a classe trabalhadora e da juventude.