Fernando Frazão/Agência Brasil

 No dia 22 de setembro, depois de seis dias de intenso tiroteio na Rocinha pelo controle do tráfico na região, o governador Pezão, completamente desmoralizado, apelou para o Exército. O Ministro da Defesa de Temer, Raul Jungmann (PPS-PE), enviou 950 soldados que implementaram um cerco numa das maiores favelas da América latina. As cenas na Rocinha são um quadro fiel da violência que assola país. Enquanto os ricos podem andar de helicóptero e jatinho, o povo pobre e trabalhador fica no meio do fogo cruzado do tráfico e da polícia.

Colocar o Exército na Rocinha é um absurdo e não resolve nada, na realidade já há relatos de abusos de autoridade com os moradores. Faz parte do processo de militarização das favelas, de criminalização da pobreza e genocídio da juventude negra. Inclusive, o Exército aprimorou suas técnicas de repressão e genocídio racista contra a população mais pobre com a experiência do papel vergonhoso que cumpriu durante anos na repressão e opressão ao povo haitiano.

A utilização do exercito serve para Pezão e Temer tentarem mostra à população que estão fazendo alguma coisa, enquanto a população da Rocinha vive um cerco infernal que não tem nenhuma eficácia no combate ao crime. É pura politicagem barata do governador e do presidente para tentar disfarçar o indisfarçável: a responsabilidade dos governantes sobre o que está acontecendo hoje na rocinha, no Rio de Janeiro e em todo país. O maior grupo criminoso hoje se chama PMDB.

A falência da política de segurança de Pezão e Temer
O carro chefe da atual política de segurança que foram as UPP’s estão em uma crise terminal, se mostrando mais uma vez como projeto falido. A razão para isso é que as UPP’s são a maior expressão de uma lógica de segurança pública elitista, genocida, burguesa e racista. Inclusive foi na UPP da Rocinha que os policiais sumiram com Amarildo.

Os governos não querem resolver o problema da violência e do tráfico de drogas. Seguem aplicando a política inútil de “guerra às drogas” que se revela cada vez mais ineficaz e mentirosa. Afinal, esta guerra às drogas é na verdade uma guerra aos pobres. Para quem tem dúvida basta uma pergunta: As UPP’s eliminaram o tráfico de drogas em qual favela do Rio? Nenhuma. Mas assassinaram quantas pessoas? Vamos relembrar dos diversos Amarildos, Claudias e tantas outras vítimas da Polícia Militar.

A política de segurança pública no Brasil segue a lógica da violência e repressão sobre a população pobre e negra. O problema hoje não é a falta de inteligência da polícia ou falta de um plano para a segurança pública como afirmou o Ministro da Defesa. O fato é que o plano que foi criado faliu. Outra verdade é que a inteligência da polícia está a serviço desta lógica infernal de guerra às drogas e violência sobre o povo. E assim chegamos, inclusive, à situação onde a Polícia Militar que mais mata no mundo é também a que mais morre, e só esse ano a PM, que já assassinou milhares de jovens negros nas comunidades do Rio, conta com o número recorde de mais de 100 policiais mortos.

Muitos afirmam que o que vemos no Rio de Janeiro é um enfrentamento entre o Estado e o tráfico. Mas não há poder paralelo no Rio de Janeiro, justamente porque o tráfico de drogas, quanto empreendimento ilegal e burguês, tem relações com o poder oficial. O tráfico internacional é comandado pelo alto escalão dos bancos, governos, empresas, etc. Vivemos numa economia capitalista globalizada com grande predomínio do capital financeiro imperialista, porque na indústria da droga seria diferente? Alguém duvida da falta de escrúpulos da burguesia pra ganhar dinheiro? Sem atacar e destruir esse negócio ilegal e burguês, qualquer política de segurança pública no Brasil hoje é uma piada de mau gosto.

Uma saída dos trabalhadores para a violência
É preciso legalizar as drogas para podermos dar um fim ao tráfico. Além disso, com a estatização da produção sob controle dos trabalhadores poderíamos acabar com esta fonte de lucro da burguesia. Isto não quer dizer incentivo ao uso dessas substâncias. Na verdade, a legalização pressupõe uma forte campanha informativa sobre os efeitos dos narcóticos, assim como o tratamento dos dependentes químicos como questão de saúde pública. Não há, inclusive, nenhuma comprovação, nos países onde já se legalizou, que isto gere aumento do consumo ou da violência. Na verdade, há pesquisas que mostram prejuízos nos cartéis de drogas em vários lugares no EUA que legalizaram a maconha.

A Polícia Militar, que é sustentáculo do atual modelo de segurança pública, deve acabar, através da desmilitarização e do controle dos trabalhadores e moradores sobre suas atividades. Mas temos que avançar para organização da autodefesa dos trabalhadores em cada bairro, através de conselhos populares, onde seria possível montar uma segurança pública a serviço dos trabalhadores e não dos ricos e poderosos.

Sem a solução dos problemas sociais gerados pelo capitalismo como, por exemplo, a miséria, o desemprego e a falta de condições dignas de vida, também não há diminuição da violência. O Rio de janeiro está falido em uma crise econômica, social e política por culpa dos governos do PMDB. No país, o governo Temer segue atacando os direitos dos trabalhadores. A luta por um programa dos trabalhadores para o combate da violência deve se combinar com a luta contra os ataques aos direitos sociais e contra esses governos que massacram os trabalhadores para garantir os lucros dos empresários.