Trabalhadores da saúde permanecem acampados desde o dia 21 em frente à casa da governadora

Desde a quarta-feira (21/08), servidores da Saúde e estudantes permanecem acampados em frente à residência da Governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e de lá prometem não sair até que o governo aceite receber os trabalhadores em greve para negociar.

O acampamento foi aprovado em assembléia após uma passeata dos trabalhadores que foi até a residência de Rosalba, que se recusou a dialogar com os trabalhadores e fugiu pela porta dos fundos, evitando qualquer contato com os grevistas. A atitude de Rosalba de se negar a negociar, condizente com as práticas truculentas dos governos do DEM, apenas serviu para revoltar ainda mais os trabalhadores, que permanecem firmes no acampamento.

Uma greve justa com métodos legítimos
Os trabalhadores da Saúde, em greve há 20 dias, reivindicam a reabertura da negociação e o atendimento de, pelo menos, cinco dos principais pontos propostos na pauta, entre eles a aplicação correta  da Lei 333/06 e a convocação imediata dos aprovados em concurso.

Como se poder ver, trata-se de uma pauta que não apenas levanta reivindicações corporativas, mas em defesa da contratação de mais servidores e mais investimentos para garantir atendimento digno à população e uma Saúde pública, gratuita e de qualidade. No entanto, durante os 21 dias de greve, o sindicato foi recebido apenas uma vez e, justamente nessa reunião, o governo suspendeu as negociações afirmando que só continuariam o diálogo com o fim da greve. A ausência de qualquer perspectiva negociação foi, portanto, o que motivou os trabalhadores a radicalizar a greve e ir até à residência da governadora exigir que o governo negocie, como resposta à intransigência de Rosalba.

A exemplo do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB),que também tem sido alvo de protestos na frente de sua residência, a governadora divulgou uma nota mentirosa na qual insiste em afirmar que o governo está “aberto a negociações” e classificando o movimento de “intimidatório”, como um “ataque pessoal”, quando, na verdade, inclusive os próprios vizinhos da governadora, têm demonstrado apoio aos trabalhadores acampados, compreendendo o caráter político da ação. A verdade é que foi Rosalba quem tentou intimidar os trabalhadores ao afirmar que só negocia se puserem um fim à greve. É Rosalba quem intimida os grevistas ameaçando-os com corte de ponto. O protesto e o acampamento ocorrem justamente porque o governo Rosalba tem se recusado a negociar com os servidores em greve. É, portanto, um método legítimo de luta.

Greve política, sim! Fora Rosalba!
Hoje existem pelo menos três categorias em greve no Rio Grande do Norte: Saúde, Educação e Segurança Pública (Polícia Civil e ITEP). Um dos argumentos que Rosalba e o seu staff têm se utilizado para tentar desmoralizar as greves é de que se tratam de “greves políticas”, com o intuito de apenas “desgastar o seu governo”, e não reivindicar melhorias para os serviços públicos. É mentira. A pauta de todas as categorias em greve, com reivindicações concretas, foi entregue ao governo e Rosalba até agora não sinalizou que irá atender uma reivindicação sequer.

Mas, é verdade que essas greves assumiram um caráter político. E com toda razão.

Rosalba não investe na Saúde, Educação e na Segurança Pública e gasta dinheiro público com suas diárias, viagens, jatinhos e propaganda. Existe inclusive uma decisão judicial que proibiu a veiculação de propaganda oficial do governo e determinou que os recursos destinados para esse fim fossem direcionados para as áreas sociais.

A saúde pública sofre com falta de funcionários, medicamentos e materiais, transformando o Rio Grande do Norte num palco de uma verdadeira guerra civil: somente no Walfredo Gurgel (o maior hospital do Estado) morrem 200 pessoas por mês. O governo de Rosalba já contabiliza mais de 7 mil mortos pela falta de assistência de saúde. Na educação, a situação de caos não é diferente. Segundo o sindicato da categoria, 94,6% das escolas estaduais estão comprometidas. Não há a menor condição de um sistema de educação funcionar dessa maneira.

Também não há nenhum compromisso do governo em garantir segurança pública para a população. A Tropa de Choque da Polícia Militar de Rosalba é muito eficiente na criminalização e na repressão aos inúmeros protestos realizados no estado pelos estudantes e trabalhadores, mas a segurança para a população inexiste.

Não existe, portanto, nenhum motivo para que uma categoria de trabalhadores em greve não clame pela derrubada de um governo que representa todo esse caos pelo qual passa o Rio Grande do Norte e, ao mesmo tempo, que se nega a atender suas reivindicações. Essas são as razões pelas quais o movimento sindical, o movimento estudantil e a população do Rio Grande do Norte estão unificados pelo “Fora Rosalba”. E o acampamento dos trabalhadores em greve da saúde é parte desse processo de luta que já elegeu como objetivo a derrubada de um governo que não representa os interesses dos trabalhadores, mas apenas das oligarquias e dos grandes empresários do Rio Grande do Norte.

Cercar de apoio e solidariedade as greves
A luta de todas as categorias em greve e o acampamento dos trabalhadores da Saúde em frente à residência de Rosalba é uma luta de toda classe trabalhadora e da juventude potiguar. E é uma luta pela Saúde pública e gratuita, para acabar com o caos e a falta de condições de trabalho. As manifestações de junho que arrancaram a redução do preço da tarifa dos transportes mostraram é que os governos só concedem diante da pressão e da luta. Por isso, os trabalhadores da Saúde permanecerão em frente à casa da governadora.

Mas para que essa luta possa seguir adiante e que seja colocada na realidade a possibilidade de o governo atender as reivindicações dos trabalhadores e de derrubarmos Rosalba Ciarlini, será preciso muito apoio e solidariedade.

Na quinta-feira (22/08), foi realizado um ato público no local do acampamento que reuniu sindicatos, centrais sindicais, entidades do movimento estudantil e partidos de esquerda, no qual todos depositaram incondicional apoio ao acampamento. Estão sendo realizadas assembléias todos os dias, para avaliar os próximos passos do movimento. A CSP-Conlutas-RN e a ANEL-RN têm jogado um papel fundamental da radicalização dessa luta, seja através de apoio político e militante, como também com apoio financeiro. O custo de um acampamento como este, com necessidade de garantir água, alimentação, barracas, tendas, banheiros químicos, etc., infelizmente é altíssimo.

É preciso, portanto, que as entidades do movimento sindical, popular e estudantil façam o mesmo, através do envio de moções e de uma campanha financeira nacional, para que possamos fortalecer o acampamento e garantir a vitória dessa luta.

INFORMAÇÕES
Local da Ocupação
: Rua Ministro Raimundo de Brito, 1891 (próximo à Próximo à avenida Nascimento de Castro)

Contribua com o acampamento!
Banco do Brasil
Agência 0022-1 Conta Corrente 10125-7 – SindSaude