Cyro Garcia, Presidente do PSTU-RJ

Cyro Garcia, Presidente do PSTU-RJ

O assassinato de uma criança inocente no Rio de Janeiro, fruto da política genocida implementada pelo governador Wilson Witzel (PSL), gerou comoção e revolta. Ágatha Vitoria foi a quinta criança morta por “balas perdidas” neste ano.

A polícia sempre apresenta uma versão de que houve troca de tiros, e sempre é contestada pelos moradores das comunidades que afirmam que só a polícia atira, como foi agora o caso da menina Ágatha no Complexo do Alemão. Mas para o governador, a morte de Ágatha é apenas um efeito colateral de sua política de combate ao tráfico. O porta-voz da PM, coronel Mauro Fliess, disse ao RJTV, da Rede Globo, que “quem busca o confronto são os marginais e o Estado não vai recuar”. Até o início de agosto, já tinham sido contabilizadas 1.075 pessoas mortas pelo Estado. Ou seja, se este governador não for detido choraremos por inúmeras outras vidas inocentes, inclusive crianças como Ágatha. Quem atira são os policiais militares, mas eles são apenas o instrumento. Estas mortes tem um mandante e um responsável categórico que é o governador do estado, que a cada dia de seu mandato não demonstra a mínima sensibilidade com o sofrimento dos familiares das vítimas de sua política.

Sua política de segurança, com o pretexto de combater o tráfico de drogas, promove uma verdadeira “guerra aos pobres” das favelas e periferias, notadamente a juventude negra, envolvida ou não com o tráfico. Além das vítimas inocentes, esta política promove o assassinato do futuro desta juventude, pois são incontáveis os dias sem aulas por conta de operações policiais.

Lamentavelmente, esta política de segurança conta com a conivência da burguesia e de um setor da classe média, que, por morar no asfalto, faz coro com o argumento do “efeito colateral”, como se as vidas negras das favelas não tivessem a mesma importância que as suas.

Esta política de segurança já se demonstrou completamente ineficaz e só serve para justificar uma brutal opressão sobre os trabalhadores pobres que habitam nas favelas e periferias, bem como alimentar o tráfico de armas.

Infelizmente, esta política não é uma novidade deste governo. Se é verdade que esta política encontra um grande apoio do governo Bolsonaro que, através do projeto de seu ministro Sergio Moro, pretende isentar de responsabilidade os policiais que matarem durante operações, também não podemos nos esquecer que o governo Lula enviou tropas para o Haiti, onde foram feitos grandes laboratórios de repressão aos favelados. Do mesmo modo, é uma herança dos governos petistas a Lei de Drogas de 2006, que é responsável pelo encarceramento em massa da juventude negra, ficando o Brasil apenas atrás dos EUA e da China, sendo que mais da metade dos presos estão lá sem serem julgados.

Muitas são as tarefas e discussões a serem realizadas para que possamos implementar uma política de segurança que não trate os moradores das favelas como cidadãos inferiores e sem direitos. Temos de discutir seriamente a questão da descriminalização das drogas, da desmilitarização da PM, da formação de uma só polícia unificada, com salários decentes, direito de sindicalização e direito de greve. Eleição de delegados pela população e formação de comitês de autodefesa nas comunidades, sem falar na necessidade educação e saúde públicas de qualidade, assim como a geração de empregos para a juventude. Porém, uma tarefa se impõe com urgência que é deter este governador assassino.

Precisamos intensificar a mobilização, realizando atos como o “Parem de nos matar” e levantando a bandeira que “vidas negras importam”. Precisamos exigir o fim imediato das operações nas favelas, principalmente em horário escolar. Precisamos exigir o fim imediato desta política genocida. É importante que as organizações dos trabalhadores assumam esta luta. É a classe trabalhadora e os filhos da classe trabalhadora que estão morrendo nas mãos do Estado. É uma política genocida e racista e é fundamental que os trabalhadores combatam o racismo, pois divide e enfraquece a classe na luta contra o capitalismo.

Basta de mortes de inocentes!

Basta de assassinatos cometidos pelo Estado!

Basta de operações policiais nas favelas!

Basta de naturalizar a barbárie!

Basta de guerra aos pobres e negros das favelas e periferias!

Contra Witzel e seu governo assassino!