Dyrlei Santos, do Rio de Janeiro (RJ)

Dyrlei Santos, do Rio de Janeiro (RJ)

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSL), tem se destacado pela defesa de uma política de segurança assassina. Utilização ilegal de snipers (franco-atiradores), incentivo ao aumento da violência policial e de operações dentro de comunidades pobres.

Nada de novo, muitos podem dizer. Assim era com as UPP’s, e assim se permitiu o crescimento das milícias. Mas o que se destaca em Witzel talvez seja sua busca pelos holofotes da mídia.

Neste fim de semana, Witzel somou mais uma bizarrice a esta política assassina e de espetáculos. O governador postou em suas redes sociais uma operação policial de recolhimento de armas da qual ele teria participado.

Nesta operação, Witzel aparece em um vôo dentro de um helicóptero da Polícia Civil, sobrevoando a região de Angra dos Reis. Ao seu lado um policial aponta o fuzil para a comunidade lá embaixo.

Foram divulgados diversos relatos que afirmam terem sido feitos disparos da aeronave contra a comunidade sobrevoada, após o vôo com o governador.

Apesar dos desmentidos da Polícia Civil, o que temos de saldo da midiática aventura do governador foi tão somente a apreensão de armas, não sendo efetuada nenhuma prisão.

Licença para matar
Apenas dois dias depois do vôo sobre Angra, um helicóptero da Polícia Militar em mais uma operação no Complexo da Maré, disparou vário tiros sobre a comunidade, em pleno horário de saída escolar.

As imagens de crianças, em seus uniformes escolares, correndo para se proteger dos tiros chocaram o mundo.

O resultado da operação? Oito mortos, três presos (sendo uma a companheira de um dos suspeitos), apreensão de sete fuzis, pistolas e granadas.

Só nos primeiros três meses de seu mandato, a Polícia Militar de Witzel já matou 434 pessoas em confronto (média de sete mortes por dia). Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), este número de mortos é o mais alto nos últimos 20 anos.

Witzel não cumpre promessas de campanha
Entre janeiro e fevereiro, Witzel já viajou 14 vezes de helicóptero, mais do que Pezão (atualmente preso) no início do governo, de acordo com informações divulgadas pelo Portal da Transparência do assumidamente falido governo do estado.

Em várias destas viagens, Witzel deu carona a parlamentares e membros da seu gabinete. Lembremos que viajar de helicóptero era uma das manias preferidas do ex-governador Sérgio Cabral (também preso) e que tinha também o costume de dar caronas a aliados e amigos, assim como Witzel.

Cada hora de vôo em uma empresa de táxi-aéreo pode variar de quase R$ 4 mil a mais de R$ 8 mil.

Tudo isso, com a desculpa de garantir a segurança e o deslocamento rápido e tranquilo de Witzel. Enquanto o trabalhador comum sofre com a demora e as péssimas condições do transporte público.

Bem diferente das palavras do Witzel candidato, que disse “o povo vai sentir que sou igual a todo mundo”. Chegou a andar de metrô e prometer até se tratar em hospital público quando precisasse.

Promessa já quebrada, em menos de seis meses de mandato, ao se internar no Hospital Samaritano, Zona Sul da cidade.

Não bastasse a ilegalidade de um civil, sem preparo algum, participando de uma operação policial (colocando em risco sua segurança e a dos policiais), a ação de Witzel se soma aos seus seguidos desmandos.

Depois da “carona” na aeronave policial, Witzel se hospedou em um hotel de altíssimo luxo de Angra dos Reis, onde a diária mais barata sai a R$ 1.600,00 por pessoa! Depois desse dia de “aventura”, Witzel voltou para casa de… helicóptero.