Repressão policial durante manifestação no Rio
Foto: Erick Dau

Quem expulsa ativista é o fascismo, quem prende militante é a policia

Como estratégia para dividir e desmoralizar os protestos que têm tomado o país desde o mês de junho, a burguesia, através da mídia, vem se utilizando de diversos expedientes. Em primeiro lugar foi a campanha contra a presença de bandeiras de partidos de esquerda, criando uma falsa polarização entre os manifestantes e os militantes de partidos, como se os últimos, entre os quais nós, fôssemos intrusos no movimento. Já afirmamos mais de uma vez, mas nunca é demais repetir: nós do PSTU e companheiros de outras organizações que compõem a esquerda socialista nunca saímos das ruas, e estamos desde o início construindo esse movimento. Quem é intrusa é a mídia que, de forma oportunista, após a brutal repressão, passou a “apoiar” o movimento, tentando definir a pauta e nos dividir.

A partir daí, a mídia passou a apresentar uma outra falsa polarização entre “manifestantes pacíficos” e “vândalos”, mantendo a postura de criminalizar uma parcela do movimento. Hoje, a nova tática da burguesia é a de criminalizar um dos setores do movimento, conhecido como “Black Bloc”.

Queremos fazer um chamado a toda a esquerda socialista para que não façam coro com a campanha de criminalização feita pela grande mídia. O deputado Marcelo Freixo (PSOL) tem que rever sua péssima declaração para o jornal O Dia, onde afirma que tem que prender quem depredar o patrimônio público ou privado. Reafirmamos nosso repúdio veemente a governistas que defendem que se deve entregar os Black Blocs à polícia! Lamentavelmente, durante o último ato no Rio (11 de julho), a CTB e a CUT, dirigidas pelo PCdoB e PT, respectivamente, contrataram “seguranças”, oriundos de torcidas organizadas, que se enfrentaram fisicamente com setores anarquistas, e tentaram expulsar os Black Blocs do ato. Não contentes, seguraram  um ativista e o entregaram para a polícia. Gostaríamos de tornar público isso. E não o fazemos porque concordamos com os Black Blocs. Pelo contrário, não temos acordo nenhum com seus métodos, políticas, táticas e estratégias. Todavia, não podemos ver isso passivamente e ficar calados, pois como diz o ditado popular, “quem cala consente”, e nós não consentimos. Quem expulsa ativista é o fascismo, quem prende militante é a policia.

Nossas profundas diferenças com os Black Blocs
Por outro lado, embora cerremos fileiras contra a burguesia, não podemos deixar de lado as diferenças.

Em primeiro lugar, não consideramos que os enfretamentos com a polícia, a quebra de bancos, o incêndio de carros, possam pôr fim à ordem social capitalista. Não porque sejamos moralistas ou tenhamos qualquer apego ao direito de propriedade, mas porque não é razoável acreditar que ações deste tipo possam quebrar a dominação burguesa. Nosso lema continua a ser o mesmo que Marx e Engels lançaram há mais de um século e meio no Manifesto Comunista: “a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores!”

Não é através da ação de grupos de conspiradores, sem vínculo com as lutas reais da classe trabalhadora e sua própria auto organização, que o capitalismo irá conhecer seu fim. Além disso, o enfrentamento com a polícia não pode ser uma estratégia em si (como pensam os Black Blocs), e sim em uma necessidade que por vezes é colocada para a militância quando a classe trabalhadora e a juventude são atacadas covardemente pelo aparelho policial nas manifestações. E mais: queremos dividir a polícia, trazer uma parte dela para o campo dos trabalhadores. Isso foi fundamental para o processo revolucionário na Rússia, por exemplo.

Nós do PSTU queremos tornar as passeatas cada vez maiores. Queremos atrair a classe trabalhadora para estar junto à juventude nesta luta. Sem os trabalhadores, nossa luta contra Cabral, Paes e Dilma não tem a menor chance de ser vitoriosa. O permanente enfrentamento com a polícia dificulta o crescimento do nosso movimento, e pior, facilita a criminalização dos movimentos sociais. Cedo ou tarde, a mídia vai jogar a opinião pública contra as manifestações e vai abrir caminho mais repressão.

Por fim, defendemos o fortalecimento do Fórum de Lutas do Rio para ser o espaço organizador da luta e deliberar sobre as táticas do nosso movimento.

* Texto escrito para o Boletim de Agosto do PSTU- Rio de Janeiro.

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