Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

PSTU-Rio de Janeiro

O segundo turno das eleições municipais da cidade do Rio de Janeiro será disputado entre Marcelo Crivella (Republicanos) e Eduardo Paes (DEM).

Crivella é o atual prefeito, seus defeitos são inumeráveis, como o uso da religião e da fé para fins eleitoreiros, seu apoio a Bolsonaro (o qual também o apoia), LGBTfóbico assumido, defensor de privilégios para aqueles que supostamente o apoiaria (como ficou evidenciado no famoso caso “fala com a Márcia”), descaso total com a população nas enchentes e alagamentos (em um dos piores temporais do Rio, Crivella disse que era apenas uma “chuvinha”).

Crivella fez o que pôde para desmontar e sucatear o sistema de saúde municipal já insuficiente. Em plena pandemia, colocou equipamentos médicos em uma das igrejas que o apoiava. Perseguiu e atacou os trabalhadores da saúde, demitiu e atrasou seus salários. Um sobrevivente da política, Crivella esteve no governo do PT onde foi ministro e agora está nos braços de Bolsonaro.

Não resta dúvida de que Crivella não pode ser apoiado por nenhum trabalhador, negro, LGBT, mulher ou pobre consciente nem muito menos pelas organizações que dizem querer representar estes setores sociais.

Como Crivella é quem atualmente governa a cidade, portanto, quem aplica os ataques à classe trabalhadora e aos oprimidos em geral, é normal que a população queira se livrar dele a qualquer custo.

No entanto, dizer isso não significa que Eduardo Paes é o “mal menor” e que devemos apoiá-lo. Paes é um corrupto de carteirinha, envolvido na Lava Jato onde era conhecido como “nervosinho” nas planilhas de propinas da Odebrecht. É ligado ao DEM do Rodrigo Maia, um dos partidos do “centrão”, que fazem parte da base de sustentação do governo Bolsonaro e a suas medidas mais duras contra a classe trabalhadora. Entre elas o ataque às aposentadorias, os muitos cortes de direitos trabalhistas etc.

Paes, quando prefeito, surfou no aumento do preço das commodities e aproveitou que havia muito dinheiro em circulação na cidade, em especial os recursos provindos dos royalties do petróleo, para potencializar um dos piores negócios para a saúde carioca. Criou as OS’s (Organizações Sociais), que simplesmente repassam dinheiro público para empresas privadas gerirem a saúde publica.

PT e PSOL chamam voto envergonhado em Paes

Tanto as declarações feitas pelo PT, quanto as de figuras importantes do PSOL, como Marcelo Freixo e Tarcísio Motta, foram a de orientar a não votar em Crivella, porque este é o candidato de Bolsonaro, e que a principal tarefa nas eleições é derrotar o bolsonarismo.

Ao dizer isso, em primeiro lugar, chamam “voto crítico” em Paes (Freixo defendeu isto explicitamente) e, mais grave, embelezam o candidato que também é da base de Bolsonaro e que nos últimos meses tem apoiado as piores medidas deste governo. O PSOL, apesar de formalmente não defender o voto em Paes, defende “nenhum voto em Crivella”, pavimentando o caminho para o voto em Paes.

A política denominada de “frente ampla” ou “frente democrática” para derrotar Bolsonaro nas eleições demonstra, desta maneira, ser na verdade um nome pomposo para apoiar candidaturas pra lá de inaceitáveis, como a do próprio Eduardo Paes.

Da parte do PT, não há nada novo, já que este partido governou por 13 anos o país fazendo exatamente isso, governando para os ricos, banqueiros e patrões (inclusive tendo Paes e Crivella como aliados de seu governo).

Da parte de Freixo e Tarcísio Motta, bem como o partido deles, o PSOL, o que vemos é a demonstração de que o caminho que pretendem trilhar é o mesmo do PT. Seguindo este mesmo caminho, chegarão ao mesmo destino.

Votar nulo contra Paes e Crivella. Seguir organizado as lutas!

Nós, ao contrário destes partidos, chamamos os trabalhadores a votarem contra os dois candidatos, porque eles representam os mesmos projetos, de seguir atacando os trabalhadores, de aumentar a exploração, de permitir os ataques LGBTfóbicos, racistas e machistas contra as minorias e setores oprimidos.

Nós seguimos afirmando que é fundamental destruir o capitalismo. Para isso, é preciso apostar nas ações da classe trabalhadora, apostar em sua auto-organização, apostar em sua independência de classe.

Nós seguimos acreditando e afirmando que somente a ação da nossa classe poderá nos livrar da miséria cotidiana que nos aflige.

Não negamos a participação nas eleições, nem desprezamos a importância que seu resultado pode ter. Mas seguimos reafirmando que é a ação dos explorados e oprimidos, que determinará os destinos de nossa cidade, do país e do mundo.