O dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, foi lembrado em Porto Alegre por um ato organizado pela Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), no final da tarde, na Esquina Democrática, no Centro da cidade. Participaram representantes do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado, Sindicato dos Trabalhadores de Correios, Associação dos Servidores da Secretaria Municipal de Saúde, Oposição Bancária e Oposição à Associação dos Servidores da UFRGS. A juventude esteve presente através da Conlute, que fez parte da construção da atividade. Também marcaram presença trabalhadoras em educação, em greve desde o dia 2, representando a oposição ao sindicato.

As ativistas lembraram o Dia Internacional da Mulher como um dia de luta e não de comemorações. Criticaram duramente a postura dos patrões que distribuem rosas quando ainda há tanto a ser conquistado pelas mulheres. A maioria das falas, entretanto, manifestou a enorme contrariedade ao governo Lula, que aprofundou a os ataques às mulheres ao invés de resolver os graves problemas existentes, criando uma secretaria fantasma e sem verbas – a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Foram lembrados os R$ 15,5 bilhões que o governo pagou adiantado ao FMI, enquanto faltam investimentos em áreas sociais, prejudicando, sobretudo, as mulheres. O ato também lembrou a retirada de direitos históricos através das reformas do governo Lula – da Previdência, de 2003, e Sindical e Trabalhista, em tramitação. Outras falas foram sobre o aborto, um tema polêmico. Foi dito que não basta o governo legalizar o aborto, se não disponibilizar recursos para a realização gratuita na rede pública, para que todas as mulheres tenham acesso.

O ato foi encerrado com a fala de uma companheira professora, representando a Conlutas, fazendo um chamado às mulheres trabalhadoras para se organizarem e lutarem contra a opressão e contra a exploração.

Via Campesina protesta
A quarta-feira no Rio Grande do Sul também foi marcada por outros protestos. Em Barra do Ribeiro, a 56 km de Porto Alegre, cerca de duas mil mulheres invadiram as instalações da Aracruz Celulose e atacaram o horto florestal da empresa, em um ato contra as enormes plantações de eucaliptos que podem ser vistas na região. Elas defendem a utilização da terra para a reforma agrária e condenaram o que classificam como ‘desertos verdes´.

O manifesto da Via Campesina, organizadora do ato, chega a criticar o governo Lula: ‘Não conseguimos entender como um governo que quer acabar com a fome patrocina o deserto verde em vez de investir na reforma agrária e na agricultura camponesa´, questiona o texto. A crítica é justa. O governo já escolheu há muito o seu lado nesta disputa. A última prova disso foi a declaração do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, da tendência Democracia Socialista, condenando o ato contra a Aracruz Celulose.