Israel é destaque na maior feira bélica da América Latina, e movimentos farão protesto no local do evento, no dia 14Nos próximos dias, a cidade do Rio de Janeiro (RJ) será anfitriã de uma feira da morte. De 14 a 17 de abril, acontece LAAD 2009 (Latin America Aero & Defence) no Riocentro. O evento acontece de dois em dois anos e reúne as maiores fabricantes de artigos bélicos do mundo. Restrita a convidados, a feira recebe, também, autoridades militares, diplomatas e representantes de governos do mundo e brasileiro.

Com relação à última edição, em 2007, a feira cresceu 15%, segundo o informativo Poder Naval. Em 2009, cerca de 300 expositores de mais de 30 países se apresentam. O destaque, no entanto, é para Israel, que não havia participado da edição anterior. Este ano, o país participa com quatro empresas que promovem o massacre aos palestinos. As indústrias vão expor os modernos artefatos de guerra utilizados. O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, estará no evento.

O que fazem estas empresas
Representarão Israel as indústrias Elbit Systems Group, a Israel Military Industries (IMI), a Israel Weapon Industries e a Rafael Advanced Defence Systems.

A Elbit Systems Group é uma das construtoras de um dos trechos do chamado Muro do Apartheid, na Cisjordânia, que separa israelitas de árabes e restringe ainda mais o território palestino. Ela fornece aviões não-tripulados ao exército de Israel, os Drones, controlados remotamente, responsáveis por mais de cem mortes de palestinos. A empresa tem contratos com a Embraer.

A IMI é estatal. Fornece, além de munições diversas, chapas usadas nas escavadeiras que destroem os lares das famílias palestinas. A IWI, uma empresa privada, é a principal fornecedora de armamentos leves. A Rafael, outra estatal, fornece mísseis, sistemas de mira e tecnologia para tanques.

Estas e outras indústrias ganham muito dinheiro à custa de milhares de vidas palestinas que são ceifadas todos os dias, de lares destruídos, de pessoas mutiladas.

Protesto
Diante desse evento, que deve ser motivo de vergonha para o Brasil, o Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino, junto com o músico Marcelo Yuka, propuseram a realização de um protesto no dia 14h, às 14h, no Riocentro. É preciso denunciar a gravidade que representa a realização da LAAD 2009, sobretudo da presença do Estado nazista de Israel. A concentração está marcada para as 12h, nas escadarias do Palácio Tiradentes, de onde dois ônibus levarão os manifestantes ao Riocentro.

A manifestação vai denunciar as relações comerciais entre Israel e o governo brasileiro. O nome definido para o protesto foi “Contra os Fóruns da Morte e da Miséria”, que relaciona a feira ao Fórum Econômico que acontece simultaneamente em São Conrado, também no Rio.

O manifesto do Comitê da Palestina, assinado por dezenas de entidades e organizações dos movimentos sociais, condena “a atitude dos governantes, que desprezando a opinião pública brasileira, os movimentos de defesa dos Direitos Humanos e a própria comunidade internacional, que se empenha na investigação dos Crimes de Guerra cometidos por Israel na Faixa de Gaza, organiza, dá suporte e faz parcerias comerciais com o nazi-sionista Estado de Israel”

O texto faz referência, também, à violência no Rio. “O Rio de Janeiro, palco de ação das milícias e de uma política criminosa e agressiva do governo do Estado contra os trabalhadores mais humildes das comunidades, fez escola justamente em Israel. Foi de lá que o governador Garotinho importou o “caveirão” e é de lá que o atual governo importa a logística e as armas que matam a juventude e eliminam a pobreza”, diz.

Abaixo, publicamos o manifesto do Comitê da Palestina. Entre as assinaturas, está a da Conlutas e a do PSTU. Para aderir ao manifesto, basta acessar o blog do comitê.

MANIFESTO
Fora do rio a feira de guerra israelense!

Nós, entidades signatárias deste manifesto, manifestamos nosso veemente repúdio e indignação contra a Feira de artefatos militares e de segurança promovida por transnacionais, com destaque para a moderna e assassina indústria bélica israelense. Trata-se da LAAD 2009 – Latin América Aero & Defence, que transcorrerá entre 14 e 17 de abril, no Riocentro.

No rol dos expositores figuram quatro fábricas de Israel. A ELBIT SYSTEMS GROUP, grupo privado, está implicada na construção de um dos trechos do famigerado Muro do Apartheid, na Cisjordânia. Fornece ao Exército sionista, entre outros equipamentos, os veículos aéreos não-tripulados, manipulados por controle remoto, conhecidos como Drones. Cerca de 100 palestinos morreram por ação desse artefato na recente Operação Chumbo Derretido. É muito utilizado nos assassinatos seletivos de lideranças da Resistência Palestina. Um contrato assinado com a Embraer, em novembro de 2008, rendeu-lhe U$187 milhões. Participam do negócio a Aeroeletrônica, sua subsidiária em Porto Alegre, e a Elisra Electronic Systems. A RAFAEL ADVANCED DEFENCE SYSTEMS é estatal. Fornece mísseis, sistemas de mira e tecnologia para os tanques israelenses. A ISRAEL MILITARY INDUSTRIES (IMI), outra estatal, além de munição para infantaria, aviação e tanques, produz chapas blindadas para a escavadeira Caterpillar D-9, usada na demolição de residências palestinas para dar lugar às colônias israelitas. A ISRAEL AEROSPACE INDUSTRIES (IAI), grupo privado, é a principal indústria aeronáutica de Israel. Também produz sistemas terrestres, navais e aeroespaciais. Em 5 de abril, anunciou que estabelecerá uma parceria com o grupo colombiano Synergy para atuar no Brasil, onde pretende vender Drones, sistemas etc.

Ainda guardamos na memória a última chacina cometida por Israel na Faixa de Gaza contra uma população desarmada, que ceifou a vida de mais de 1.400 pessoas, incluindo centenas de mulheres e crianças, e deixando um rastro de destruição e de dor: cerca de 1.200 órfãos e mais de 5 mil mutilados. Israel mantém Gaza sitiada, impedindo a entrada de medicamentos, alimento, combustível e tudo o mais necessário à sobrevivência.

Condenamos a atitude dos governantes, que desprezando a opinião pública brasileira, os movimentos de defesa dos Direitos Humanos e a própria comunidade internacional, que se empenha na investigação dos Crimes de Guerra cometidos por Israel na Faixa de Gaza, organiza, dá suporte e faz parcerias comerciais com o nazi-sionista Estado de Israel.

Certos de expressar a vontade do povo brasileiro, colocamo-nos ao lado de todos os povos agredidos pela máquina de guerra israelense, que além de executar, há 60 anos, o extermínio do povo palestino, fornece, há décadas, suporte militar e logístico às ações dos EUA em África e na América Latina, como é o caso da Colômbia, onde centenas de pessoas são assassinadas diariamente.

O Rio de Janeiro, palco de ação das milícias e de uma política criminosa e agressiva do governo do Estado contra os trabalhadores mais humildes das comunidades, fez escola justamente em Israel. Foi de lá que o governador Garotinho importou o “caveirão”, e é de lá que o atual governo importa a logística e as armas que matam a juventude e eliminam a pobreza.

Em todo o mundo, o alvo é inexoravelmente aqueles que ousam lutar por liberdade, democracia, terra, justiça e igualdade. O governo brasileiro, ao aceitar o papel de anfitrião da Feira da Morte, promovendo os negócios bilionários da indústria da guerra, expõe-se diante do mundo como aliado dos produtores da morte, os mercadores da guerra que lutamos por rechaçar.

  • Fora a feira da morte israelense!
  • Pelo isolamento diplomático do nazi-sionista Israel!
  • Pelo fim da ocupação da Palestina!
  • Pela condenação de Israel por crimes de guerra!
  • Viva a palestina livre, laica e soberana!