Foto Agência Brasil
Gleidson Santos, de Macaé (RJ)

As obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) nunca pararam. Apesar da construção civil não ser uma atividade essencial, a não ser que ela fosse destinada para construção de hospitais, não é o que vem acontecendo no Rio de Janeiro. As empresas contratadas para atuar naquele empreendimento, e a Petrobrás, tratam as vidas dos operários como descartáveis, vários trabalhadores já morreram e ainda assim 30% do efetivo deles seguem nos canteiros obras.

Nesta semana, começaram a realizar testes em todos os trabalhadores do Comperj. O resultado saiu apenas para metade das empresas que lá atuam. São cerca de 260 pessoas com resultado positivo para Covid-19. É um número absurdo! Agora, várias centenas de familiares destes trabalhadores podem estar contaminadas sem saber.

Você acha que a obra parou? De forma alguma! Só os trabalhadores doentes foram mandados para casa e “vida que segue”. Quando o resultado da outra metade sair, o número de doentes pode chegar a 400, 500… Um total desprezo pela vida de operários, que em sua maioria são negros.

Os negros são as principais vítimas da Covid-19, não porque o vírus é racista, mas devido ao fato do racismo na sociedade ter sido utilizado pelos poderosos desde a escravidão, e agora pelos ricos, como uma ferramenta para marginalizar a população negra e não permitir que sua grande maioria possa fazer a quarentena, pois os patrões os obrigam a seguir trabalhando e o governo não garante uma renda emergencial digna para que possamos ficar em casa cuidando de nossa saúde e de nossa família.

O Comperj precisa parar em defesa da vida, da vida dos negros e negras que são a maioria destes trabalhadores e com a garantia de estabilidade no emprego até o fim da quarentena. Vida negras importam!