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Logo após a fala do norte-americano James Petras, foi a vez do sociólogo e professor da Unicamp, Ricardo Antunes, discursar aos mais de três mil participantes do Congresso Nacional de Trabalhadores. Antunes, que é filiado ao PSOL, enfatizou a importância do Conat e a necessidade de se organizar as novas categorias de trabalhadores contra os ataques neoliberais.

“Esse congresso me fez lembrar o Conclat, em 1983, na Praia Grande. Era aquele um momento de luta da classe trabalhadora”, afirmou o sociólogo, comparando o Conat ao congresso que impulsionou a formação da Central Única dos Trabalhadores. No entanto, apesar da semelhança de propósitos desses dois momentos, de afirmar uma alternativa classista para os trabalhadores, Antunes lembrou que os momentos eram distintos. E que novos desafios estão colocados.

“Apesar da ofensiva neoliberal em todo o mundo, é um momento muito rico, há revoltas, existem mobilizações”, ressaltou. “Em abril de 2006 houve o levante dos estudantes e trabalhadores franceses contra o Contrato de Primeiro Emprego e a precarização do trabalho, quando impuseram uma grande derrota ao imperialismo”, lembrou Antunes.

Já com relação à América Latina, o sociólogo enfatizou os governos de diferentes origens, mas que aplicam a mesma política neoliberal. “Temos os governos de direita, que é o que está, por exemplo, no México. Mas temos ainda os governos de esquerda, que, como eu gosto de chamar, é a esquerda que a direita gosta. É a esquerda que a direita chama quando ela não consegue aplicar suas reformas neoliberais”, afirmou. Ele reivindicou Cuba, como sendo um país que resiste há décadas ao cerco do imperialismo.

Para Antunes, o governo Lula representa uma verdadeira vitória do imperialismo. Para ele, para se contrapor a esse governo e assimilar as mudanças impostas pelo neoliberalismo no mundo do trabalho a partir da década de 90, a Conlutas tem como desafio principal organizar as novas categorias de trabalhadores. “O neoliberalismo impôs uma nova morfologia do trabalho. Aqui ainda temos o operário industrial, fabril, mas temos ainda novas categorias do trabalho.”, explicou, dando como exemplo os motoboys que, apesar de ser uma categoria extremamente explorada, não é organizada. “Quase dois motoqueiros morrem por dia em São Paulo, porque têm de correr de um lado para o outro”, lembrando a ‘vida louca´ destes trabalhadores.

“Temos que pensar hoje não no sindicato tradicional, vertical, mas num sindicato de classe, que incorpore os trabalhadores industriais, dos serviços, os desempregados”. , disse, afirmando ainda que “o desafio para o sindicalismo do século XXI é ser um espaço de auto-organização da classe trabalhadora”.

Antunes fechou sua fala colocando a importância da construção de uma alternativa eleitoral de esquerda. No entanto, apesar disso, afirmou que o mais importante é a consolidação de uma alternativa de luta à classe trabalhadora. “Não importa que governo virá, se vier com anti-reforma trabalhista, previdenciária, vai encontrar a Conlutas para dizer ‘chega de neoliberalismo, chega de anti-reforma neoliberal´”, finalizou sendo efusivamente aplaudido.

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