A Petrobras é uma das maiores empresas petroleiras do mundo, líder mundial na exploração de petróleo em águas profundas. Os trabalhadores da construção civil em greve trabalham nas obras de modernização e ampliação da refinaria Henrique Lages, a Revap. Ela é responsável pelo refino do petróleo extraído em São Sebastião, no litoral paulista.

Os operários são contratados por consórcios de grandes empreiteiras para as quais a estatal do petróleo terceiriza as obras. Empresas como a OAS, a Setal e a japonesa Toyo formaram o consórcio Ecovap.

Os trabalhadores enfrentam baixos salários e péssimas condições de trabalho e moradia. Em São José, o piso dos terceirizados é de R$ 972. Com o adicional de periculosidade, chega a R$ 1.064. “O piso de outras refinarias, como a Reduc, de Duque de Caxias [RJ], chega a R$ 1.485”, reclama “Barba”, que trabalha há quatro meses na obra.

A jornada é puxada. “Barba” sai para trabalhar às 6 da manhã para chegar só às 8 da noite. Nem mesmo cópia do contrato de trabalho o consórcio fornece aos empregados. É comum também as empresas se negarem a emitir o chamado Comunicado de Acidente de Trabalho.

Longe de casa
Além dos salários baixos, os operários enfrentam a distância de casa e da família. Para atender a demanda por mão-de-obra especializada, as empreiteiras contratam trabalhadores de diferentes regiões, como Paraná, Rio, Pará ou Sergipe. Não dá, porém, a mínima condição para os trabalhadores se manterem. Atuam como verdadeiros “gatos” do petróleo, os famosos agenciadores que exploram o trabalho dos bóias-frias.

Barba é do Espírito Santo, mas mora em Niterói (RJ) há um ano e meio. Tem esposa e um casal de filhos. O salário baixo, porém, faz com que ele fique quase dois meses sem ver a família. “Tenho que optar, ou eu como e sustento a família ou eu viajo para ir ver eles. Se for ficar viajando, deixo meus filhos passando fome”, afirma. Uma das reivindicações dos operários é o reembolso das passagens.

O encanador industrial Glauber Guilherme dos Santos também sofre com a distância da família. Ele veio da cidade de Maruim, em Sergipe. Ao ser contratado, o consórcio garantiu que pagaria todas as despesas com a viagem. Mas não pagou. “Me puseram no hotel igual a um porco, só comia e dormia. Precisava mandar dinheiro pra casa e não recebia nada”, diz.

Até começar a trabalhar, Glauber ficou 35 dias parado no hotel precário garantido pelo consórcio, sem receber. Em Sergipe, ele sustenta a esposa, o filho, a mãe e o irmão desempregado. Desde que chegou, há três meses, ele não foi para casa. Mas segue firme na greve. “Os companheiros estão todos unidos, estamos lutando por nosso direito e tenho certeza que vamos sair vitoriosos”.

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