Reunião da Coordenação Nacional da central ocorreu de 5 a 7 de julho; informes apontam uma das maiores greves da história o país

É muito positivo que estejamos frente à possibilidade de realização de um grande dia de protestos neste dia 11. Vai implicar em uma integração dos setores mais importantes da classe trabalhadora no processo de mobilização, o que pode dar a ele uma nova perspectiva. A nossa primeira tarefa é, portanto, garantir a greve, ou paralisação em todos os setores onde atuamos. Quanto mais geral for a greve, melhores serão as condições para avançar a luta depois”, afirma a resolução sobre conjuntura nacional e internacional da CSP-Conlutas aprovada pela Coordenação Nacional neste domingo (7) em São Paulo.

A preparação do dia 11 ocupou os debates por todo dia 5. A CSP-Conlutas está empenhada em preparar o 11 de julho nas bases de todos os segmentos da classe trabalhadora onde dirige ou tem inserção. De acordo com o informe do membro da Secretaria Executiva Nacional, Zé Maria de Almeida, que participou da reunião com as centrais sindicais que ocorreu na quinta-feira (4), a expectativa é que este seja um grande dia luta. “Um dos maiores já realizados neste país”, afirmou.

A CSP-Conlutas avalia que as manifestações de ruas que ocorreram recentemente provocaram uma mudança profunda na situação brasileira ao trazer amplos setores da sociedade para as mobilizações.

O dirigente responsável pelo informe lembrou que a polarização política no norte da África e na Europa incidiram sobre o movimento que vem acontecendo no Brasil. “Desde 2008 ocorrem as greves dos trabalhadores europeus, que se alastraram nas primaveras dos países do Norte da África, assim como as manifestações da juventude como os ‘Indignados’ e o ‘Occupy’ em diversos países”, ressaltou.

A esta influência das mobilizações mundiais combina-se o modelo econômico aplicado pelo governo brasileiro de garantia da alta rentabilidade aos bancos, às grandes empresas e empreiteiras desse país, como também ao agronegócio.  “Essa inversão de verbas provoca o desvio dos recursos que deveriam ser aplicadas em saúde, educação, transporte e moradia. Não foi à toa que manifestantes de segmentos sociais diferentes levantassem a reivindicação do ‘padrão Fifa’ para os serviços públicos no país”, resgatou Zé Maria.

O aumento dos preços que, automaticamente, provocam arrocho salarial também foram um estopim das manifestações, agregando um problema que começa a afetar o país: a queda na produção industrial na base da desaceleração da economia brasileira.

O dirigente reiterou as consequências práticas das manifestações para o país. “A revogação dos aumentos de passagens e as votações do Congresso Nacional, como a rejeição da PEC 37 e os royalties do petróleo para a educação, se vão se manter é uma discussão, mas se explicam pelo avanço do movimento de massas”.

Ofensiva
Tudo indica ser cedo para dar prognósticos sobre o fôlego e desdobramentos deste processo. Entretanto, há um sentimento de que é possível lutar e realizar mudanças. “Nos apoiamos nisso para aprofundar as lutas dos trabalhadores em direção à luta por suas reivindicações”, reforçou Zé Maria.

É com esse espírito que a Central se prepara para o dia 11 de julho. As bandeiras são as sete aprovadas de forma consensual pelas centrais sindicais. A elas estão agregadas as reivindicações de cada uma das categorias que saem à luta.

Apesar dessas bandeiras, Zé Maria defende que é necessário apresentar aspectos importantes que não estão sendo tocados pela maioria, como por exemplo o não pagamento das dívidas interna e externa, o fim das privatizações no país e a reversão das que já foram feitas, assim como o investimento do dinheiro público não em banqueiros e grandes empreiteiras, mas em serviços públicos como saúde e educação, transporte e moradia. Não pagamento da dívida externa e interna aos banqueiros e grandes especuladores. Esta dívida é ilegítima, e estes recursos devem ser aplicados na educação, saúde, moradia, transporte público.

Nas resolução da Coordenação Nacional foram incluídos os seguintes aspectos: “fim das privatizações das empresas estatais e do serviço público e reestatização do que já foi entregue ao setor privado; chega de dinheiro para as empresas, queremos mais recursos para as aposentadorias, o serviço público e para a valorização do servidor público e congelamento do preço dos alimentos”.

Também foi apresentada a proposta de pedido para que enviem solidariedade à luta dos trabalhadores brasileiros todas as entidades e organizações internacionais de trabalhadores que participaram do Encontro Internacional Alternativo, em março último.

Pelo país
Os informes apresentados por trabalhadores de diversas categorias mostraram que o dia 11 será um grande dia nacional de greves e mobilizações.  Isto pode apontar na perspectiva da continuidade das lutas dos trabalhadores rumo à necessidade de preparação de uma Greve Geral em período próximo.

Entre as categorias representadas na reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas estavam os metroviários de São Paulo, servidores públicos federais, metalúrgicos de Minas Gerais e São José dos Campos (SP), operários da construção de Suape (PE), do Ceará e do Pará, petroleiros, docentes de universidades, servidores públicos estaduais e municipais, profissionais da educação estaduais e municipais, gráficos, comerciários, trabalhadores dos Correios, assim como representações de movimentos popular e estudantil.

Os servidores públicos federais, que envolvem a base do ANDES-SN, Sinasefe e diversos órgãos federais como IBGE, MTE, Ibama, Ipen, estão aprovando paralisações de até 24 horas.

Há ainda diversas categorias com atividades já marcadas como os metalúrgicos de São José dos Campos (SP), que devem paralisar pelo menos 15 fábricas da região, os trabalhadores da construção de sete sindicatos do Pará, Fortaleza (CE), Suape (PE), assim como os trabalhadores da mineração de Minas Gerais. Trabalhadores das esferas estaduais e municipais de diversos estados, profissionais da educação e da saúde em diversos estados, comerciários de Nova Iguaçu e interior do Rio Grande do Sul, trabalhadores de processamento de dados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, trabalhadores dos Correios de Pernambuco, petroleiros de Sergipe e Alagoas, rodoviários do Ceará e outras categorias.

Estudantes ligados à ANEL vão convocar as manifestações de ruas, assim como os movimentos contra as opressões estão participando da preparação desse dia de luta.

As categorias estão convocadas a participarem das manifestações que ocorrerem nas várias cidades brasileiras.

Coordenação Nacional da CSP-Conlutas prepara Seminário Nacional
Na parte da tarde de sábado foi discutido o Seminário Nacional A situação política, os desafios colocados pra classe trabalhadora e o papel das organizações – perspectivas pra o próximo período.  

A organização do seminário é da CSP-Conlutas,”A CUT Pode Mais-RS”, a Feraesp, o setor majoritário da Condsef e a CNTA.

A responsável pelo informe, membro da Executiva do CPERS, Neida Oliveira, da Secretaria Executiva Nacional da Centra,l expôs o contexto da iniciativa. “É mais uma etapa do que já vem sendo construído há bastante tempo e vem se aprofundando no decorrer das lutas”.

Ainda foi reafirmada a importância do seminário. “Estamos fazendo esse seminário, um passo importante, para os que os companheiros que estão nessas organizações se juntem conosco nas lutas da nossa classe”, disse Neida.

A CSP-Conlutas defenderá seu programa no seminário e será representada por por dirigentes aprovados na reunião da Coordenação Nacional.

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