Ataque, na última sexta-feira, deixou uma pessoa baleada e o patrimônio depredadoUma reunião hoje, a partir das 18h, na sede da Conlutas, vai discutir o atentado ocorrido na última sexta-feira, dia 1º de agosto, e organizar a campanha exigindo a investigação e punição dos culpados. Também será preparado um ato nacional em repúdio a este ataque para os próximos dias.

Na última sexta-feira, cerca de 30 homens encapuzados e armados invadiram a sede da Conlutas, em São José dos Campos. O atentado aconteceu durante uma assembléia que fundou a Associação de Solidariedade e Ajuda Mútua dos Trabalhadores da Construção Civil de São José dos Campos, Paraibuna, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela, Ubatuba, Jambeiro e Monteiro Lobato.

Uma pessoa chegou a ser baleada. Além disso, a sede e três veículos do Sindicato dos Metalúrgicos que estavam estacionados no local foram depredados.

Um inquérito foi instaurado no 1º DP para apurar o crime. Por não se tratar de um crime comum, o caso foi encaminhado à DIG (Delegacia de Investigações Gerais).

Já se sabe que o grupo chegou num ônibus da empresa Paula Tour Transporte e Turismo, que teria saído da Grande São Paulo. O contratante e o motorista do ônibus, ambos de Santo André, já foram identificados.

Durante a invasão, nada de valor foi levado da sede da Conlutas. Somente a ata da assembléia e a lista de presença dos participantes.

Por causa disso, as suspeitas da autoria do atentado recaem sobre aqueles que poderiam se sentir ameaçados com a criação da Associação de Trabalhadores da Construção Civil: a CUT, o Sindicato da Construção Civil, o consórcio de empreiteiras terceirizadas da Revap (Refinaria Henrique Lage) e a própria Petrobras.

A Conlutas exige uma resposta de cada um dos suspeitos (veja abaixo a íntegra da nota oficial). Também vai acompanhar todas as etapas da investigação policial e cobrar a devida punição dos responsáveis.

Nota da Conlutas sobre atentado à sua sede
Um trabalhador é baleado. Episódio é exemplo lamentável de gangsterismo

No dia 1º de agosto, a sede da Conlutas em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, sofreu um atentado a tiros. Gangsteres e bandidos armados de escopetas, rojões e revolveres invadiram a sede quando os trabalhadores da Construção Civil da Revap preparavam sua assembléia para fundar uma Associação de Ajuda Mútua e de Solidariedade dos Trabalhadores.

A sede da Conlutas fica em uma área pertencente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. Cerca de 30 homens armados, alguns encapuzados, desceram de um ônibus vindo de outra cidade e invadiram o local com gritos, ameaças e tiros.

Houve quebra-quebra de instalações da sede, móveis, três carros do Sindicato e do caminhão de som, que estavam estacionados no local. Um trabalhador foi baleado na cabeça e tiros foram disparados contra o coordenador da Conlutas.

Durante a invasão nada de valor foi roubado. Apenas documentos relativos à fundação da Associação foram levados, tais como a ata e a lista de presença da assembléia.

Os fatos são de extrema gravidade. Este é o maior ataque a uma organização do movimento operário desde a época da Ditadura Militar. Atos como estes relembram o fascismo italiano, onde a violência e o banditismo eram utilizados contra os trabalhadores.

Muitos se perguntam quem seriam os responsáveis deste ataque. Ainda não sabemos, mas podemos dizer quem mais ganhou com eles. É o caso da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Sindicato da Construção Civil da região (filiado à central). Este sindicato foi rechaçado pela categoria durante a vitoriosa greve de 31 dias na REVAP, na qual foi criada uma Comissão de Mobilização e Negociação, independente da entidade sindical.

É o caso também da Petrobras e das empreiteiras, com a Ecovap em particular, que tiveram a obra paralisada por mais de 50 dias e foram obrigadas a uma reorganização que levará ao atraso de pelo menos mais um ano. Em virtude disso, iniciaram uma perseguição aos trabalhadores. Estão tentando criminalizar o movimento, demitiram todos os membros do Comando, decretaram lockout e iniciaram um processo de demissão em massa. Toda esta repressão teve seu ponto alto com a invasão pela Tropa de Choque, sem ordem judicial e autorizada pela direção da empresa, no dia 10 de julho.

A Conlutas e os trabalhadores terceirizados da Revap exigem do Governo Lula e da Polícia Federal e do Governo Serra e da Policia do Estado que investiguem e esclareçam o papel do Sindicato da Construção Civil, filiado à CUT, da Petrobras e de sua empreiteira a Ecovap, nestes acontecimentos. Exigimos a identificação e a punição exemplar dos responsáveis por este crime, uma vez que é um crime de motivação notoriamente política.

Além disso, se ocorrer algum atentado ou represália contra os dirigentes da Conlutas do Vale do Paraíba ou qualquer dos trabalhadores que assinaram a lista de presença da assembléia, a responsabilidade recairá sobre o Sindicato da Construção Civil, a CUT, a direção da PETROBRAS e a ECOVAP.

O direito de organização dos trabalhadores e das entidades sindicais são garantidos pela Constituição e é um dever do Estado garanti-los.

Este é mais um episódio lamentável da criminalização dos movimentos sociais que temos visto crescer em nosso país no último período. São os interditos proibitórios e suas multas milionárias; a interferência do Estado e das empresas na organização dos trabalhadores; as divisões sindicais efetuadas pela CUT como a fundação do Sindicato Aeroespacial em São José para roubar a base da Embraer do Sindicato dos Metalúrgicos; a demissão dos dirigentes e ativistas sindicais, e agora, a utilização de jagunços armados para impedir uma reunião de trabalhadores.

O ataque à sede da Conlutas é um ataque ao conjunto das organizações independentes do movimento operário. Uma agressão a todos que repudiam o uso da violência física para dirimir diferenças políticas.

Anunciamos desde já que se o objetivo deste ataque é silenciar a Conlutas do Vale do Paraíba, ele não será atingido. Queremos deixar claro que NÃO NOS CALAREMOS E CONTINUAREMOS APOIANDO TODAS AS LUTAS DA CLASSE TRABALHADORA e utilizaremos de todos os meios que estiverem a nosso alcance para garantir nossa autodefesa.

Tanto é assim que após a fuga dos jagunços, a assembléia se restabeleceu e a ASSOCIAÇÃO foi fundada, mostrando a força e a disposição dos operários.

Como primeiro passo, chamamos a todos os ativistas de todos os sindicatos filiados a uma Plenária Regional nesta segunda feira, dia 4 de agosto, às 18 horas, na sede regional da Conlutas (Rua Francisco Paes, 316) para discutir uma CAMPANHA NACIONAL CONTRA ESTE ATAQUE.

COORDENAÇÃO DA CONLUTAS DO VALE DO PARAIBA