GM fechou 1.217 postos de trabalho entre 2012 e 2013
Foto: Reinaldo Marques

Empresa confirmou 687 desligamentos em todos os setores no final do ano

Na tarde desta sexta-feira, 10, representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região se reuniram com representantes da General Motors na Superintendência Regional do Trabalho, na capital paulista. O objetivo do encontro era tratar da demissão em massa que a empresa fez no final do ano. Também participaram da reunião Luiz Antônio de Medeiros, superintendente regional do Ministério do Trabalho, Tadeu Morais, secretário estadual do Trabalho, e Carlos Artur Barboza, secretário adjunto de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho.
 
Dados apresentados, extraídos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostram que a multinacional fechou 1.217 postos de trabalho entre janeiro de 2012 e dezembro de 2013, descumprindo o acordo feito com o governo de Dilma Rousseff (PT). Em troca de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e outros incentivos fiscais, a GM não poderia fazer demissões.
 
Para o presidente do sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, “está claro como água que foi a GM que descumpriu um acordo. Agora, o governo federal não pode continuar dando dinheiro para financiar as demissões da empresa”.
 
Irregularidades
Ficou provado, ainda, que os desligamentos não aconteceram apenas no setor MVA, que foi fechado, como sustentava a empresa. As demissões ocorreram em todos os setores da planta.
 
Na reunião, a GM, representada por Luiz Moan, diretor institucional, informou que foram 687 funcionários demitidos. Entre eles, muitos tinham estabilidade no emprego. Alguns estavam em período de pré-aposentadoria, outros eram lesionados. Em nota, o sindicato disse que “ficou definido que a companhia terá de readmitir todos os trabalhadores com estabilidade, demitidos irregularmente”.
 
Mas, para o sindicato e os trabalhadores, isso não basta. Eles querem a reversão de todas as demissões. Os metalúrgicos prometem resistir.
 
Protesto
Enquanto a reunião acontecia, metalúrgicos demitidos, representantes de entidades sindicais e de organizações políticas permaneceram em vigília em frente ao prédio como forma de protesto.
 
Vlademir e Wiliam são dois exemplos da farsa montada pela empresa. Ambos trabalhavam no setor powertrain, que fabrica motores para serem enviados às demais plantas do Brasil e da Argentina. Este setor não tem nada a ver com o MVA, que foi fechado. Pelo contrário, vem recebendo investimentos.
 
Wiliam, um dos demitidos, trabalhava na fábrica de motores“A área que eu trabalho não está sendo desativada. Pelo contrário, está recebendo investimento”, afirmou Wiliam. Ele contou que recebeu “uma carta avisando da demissão, sem justificativa e já com data marcada para exame demissional, verba rescisória”. Surpreso, ele tem expectativa de que as demissões sejam suspensas: “A gente está acompanhando o sindicato nesse sentido, pra saber se consegue suspender as demissões, na expectativa das reuniões que estão sendo feitas”.
 
Vlademir teria completado nove anos na fábrica no dia 7 de janeiro. “A gente recebeu um presente de Natal atrasado”, disse. Ele também acredita na reversão das demissões: “A gente, na quarta-feira, entrou em contato com a prefeitura pedindo para que eles vissem o que poderiam fazer pela gente. Apesar de a gente não acreditar que os políticos vão fazer alguma coisa, mas eu acredito que o sindicato vá lutar para que isso seja revertido”.
 
Na terça-feira, 14, acontecerá uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) sobre a ação movida pelo sindicato. A entidade pede a reintegração de todos os demitidos. Em nota, o sindicato informa que “reivindica a suspensão imediata das demissões, estabilidade no emprego para todos os trabalhadores da fábrica e os investimentos já previstos em acordo na planta de São José dos Campos”.

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