O resultado da campanha salarial deixou os servidores numa situação delicada. Depois de conseguir impor e fechar acordos rebaixados com a maioria das entidades, através de “termos de compromissos”, o governo não cumpriu tais acordos, que estão pendentes em um “projeto de lei”. A ação divisionista do governo, da CUT e das direções governistas no funcionalismo conseguiu impedir a greve unificada, esfacelando o movimento e a Coordenação Nacional dos Servidores.

Ao defender os interesses do governo, as direções majoritárias da Fasubra e Condsef isolaram as greves de previdenciários, auditores fiscais e funcionários do IBGE, Incra e DRTs.

Por outro lado, vários setores não-governistas e combativos do movimento não responderam à altura diante da traição da CUT e da Fasubra – e logo adiante da Condsef – não lutando desde o início por uma greve e pauta unificadas, capazes de derrotar o governo e sua política econômica. Em vez disso, priorizaram a construção de greves específicas.

O governo temia uma greve unificada dos servidores. Por isso, fez de tudo para dividi-los, forma mais fácil de derrotá-los.

Resultado: o governo atuou unido (os “acordos” são todos parecidos, impõem gratificação de desempenho, acabam com a paridade e conseguem que as entidades os legitimem) e os servidores atuaram divididos.

A principal lição dessa campanha salarial é que para reconstruir a unidade do funcionalismo será preciso varrer as direções governistas e construir uma nova direção. Sobretudo uma direção que aposte na construção de uma alternativa ao governismo cutista e aponte saídas como a da Conlutas que reuniu 20 mil em Brasília contra as reformas.

E, diante do impasse atual, a saída é reconstruir uma pauta e uma ação unificada do funcionalismo. Mas, para isso, é preciso fazer um balanço da campanha. Do contrário, seguirão ações específicas que aprofundarão o desgaste da base, na tentativa de livrar a cara dos dirigentes traidores.

Plenária Nacional

A plenária nacional do dia 4 de julho, em Brasília, contou com a participação de apenas 134 representantes. Boa parte das entidades nacionais não enviou delegados.

Pouco se avançou em um calendário unificado e o centro das reivindicações aprovado foi o cumprimento dos acordos, secundarizando os pontos da pauta emergencial. Apesar das limitações no debate, foi positiva a aprovação de um Dia Nacional de Luta, em 10 de agosto. É importante que o conjunto dos servidores construa essa mobilização e a transforme em um grande ato político nacional contra o Lula e seu projeto de arrocho.

Post author Paulo Barela, da direção da Assibge-SN
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