A ocupação militar da Providência se assemelha muito à política fascista do governador Sérgio Cabral (PMDB) e do seu Secretário de Segurança, José Beltrame. O governo vem ocupando militarmente, com o auxílio da Força Nacional de Segurança, comunidades carentes do Rio como a do Complexo do Alemão e a da Vila Cruzeiro.

O ministro da Justiça, Nelson Jobim, que na semana passada se apressou em visitar a comunidade para tentar se desculpar, teve o descaramento de usar o exemplo da intervenção militar brasileira no Haiti para defender a permanência do Exército na Providência. Jobim comparou a ação no Rio aos “efeitos benéficos” que o Exército Brasileiro está fazendo para o povo haitiano. Lembramos ao ministro de Lula que, em maio deste ano, o Exército Brasileiro assassinou pelo menos seis manifestantes haitianos, que protestavam contra a alta de preços nos alimentos.

Neste momento, autoridades ligadas ao governo Lula, ao Exército, ao governo do estado e à imprensa burguesa estão se esforçando em demonstrar que o assassinato dos jovens foi um caso isolado. Segundo essa gente, todos os culpados serão punidos exemplarmente. Ainda defendem que o Exército continue na comunidade.

Porém, o que não dizem é que excessos como esses são rotineiros nas ocupações militares ocorridas em comunidades carentes e na prática das polícias do estado. Os verdadeiros responsáveis por esse absurdo são os governos federal, estadual e a prefeitura, pois aplicam e apóiam a política fascista de segurança pública do governo do Rio, unindo-se no mesmo lado Lula, Jobim, Cabral, Beltrame e César Maia.

Existe uma guerra jurídica em curso, refletindo uma divisão na burguesia e na superestrutura política do Estado. Já houve uma liminar decidindo pela substituição imediata do Exército pela Força Nacional de Segurança na Providência. O governo federal recorreu e cassou a liminar, mantendo o Exército na comunidade pelo menos até 26 de junho.

O PSTU exige do governo Lula a imediata retirada das tropas do Exército do Morro da Providência. Da mesma forma, defendemos a retirada imediata da Força Nacional de Segurança das comunidades carentes do Rio. O combate à violência e à criminalidade só poderá ser realizado com a geração de empregos, melhores salários e investimentos massivos nas áreas sociais. Manter a política de segurança pública fascista, simbolizada pelo “Caveirão” e aplicada por Beltrame e Cabral, com o apoio do PT, só vai gerar mais violência e vitimar ainda mais a juventude pobre e negra das comunidades carentes cariocas.

Chamamos todos os movimentos sociais a apoiar e cercar de solidariedade as manifestações dos moradores do Morro da Providência. Somente elas poderão arrancar dos governos a saída imediata das tropas do exército da comunidade.

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