Redação

O governo, os empresários e boa parte da imprensa prometiam uma verdadeira onda de recuperação nos empregos com a entrada em vigor da reforma trabalhista. Em seu primeiro mês, essa tal recuperação não só não veio, como o país registrou o fechamento de milhares de vagas de emprego. Levantamento do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta quarta-feira, 27, mostra a extinção de 12,3 mil postos de trabalho em novembro. Foi a interrupção de sete meses consecutivos de aumento, ainda que tímido, na criação de empregos formais.

O Caged registra o total de contratações e demissões no período. O número de 12,3 mil é a diferença entre os trabalhadores que foram demitidos e os que começaram a trabalhar com carteira. Os números divulgados nesta quarta mostram que os trabalhadores que começaram a trabalhar através dos novos contratos criados pela reforma, como a jornada parcial e o trabalho intermitente (231 e 3.067) ficaram bem abaixo das demissões (1.111.798).

No acumulado dos últimos 12 meses, foram fechados 178,5 mil postos de trabalho. Em novembro o setor que mais demitiu foi a indústria, com menos 30 mil vagas, seguido da construção civil (que fechou 22,8 mil postos), agropecuária (21,7 mil) e o setor de serviços, com menos 3 mil postos. O resultado só não foi pior por conta do comércio, que abriu 68 mil vagas por conta das festas de final de ano.

O Caged também mostra que os trabalhadores que foram contratados em novembro ganham menos que os que foram demitidos. O salário médio de admissão foi de R$ 1.470, contra o salário de médio de R$ 1675 do pessoal que foi demitido.

Precarização e desemprego
Os resultados do mercado de trabalho de novembro mostram que é mentira a tese de que a flexibilização e a retirada de direitos criam empregos. Não só não criam, como servem para reduzir os salários de quem continua trabalhando, além de precarizar ainda mais o trabalho.

Resta a pergunta: alguém ainda vai acreditar quando o governo diz que a reforma da Previdência não reduz direitos?

Contra a reforma da Previdência e trabalhista
É preciso lutar e construir uma Greve Geral contra a reforma da Previdência, mas também não podemos nos esquecer da reforma trabalhista. O Congresso Nacional aprovou a reforma a toque de caixa, blindando a discussão e a vendendo de forma genérica como uma forma de criar empregos. Agora que a população e o conjunto dos trabalhadores começam a sentir seus efeitos nefastos. É preciso, e possível, lutar por sua revogação. Não podemos dar como um fato consumado.

Muitas categorias, a exemplo dos metalúrgicos, estão conseguindo, com luta, barrar seus efeitos na base. É preciso incorporar essa bandeira à Greve Geral convocada pelas centrais para barrar a reforma da Previdência no início de 2018.