Famílias choram diante da violenta desocupação da PM Foto Mídia Ninja
Redação

Na manhã desta terça-feira, 17, a Tropa de Choque da PM reintegrou de forma violenta a área ocupada no Jardim Colonial, em São Mateus, Zona Leste de São Paulo. No momento em que o massacre do Pinheirinho completa cinco anos, as cenas que assistimos agora reeditam a brutalidade da PM contra o povo pobre. Cerca de 700 famílias, mais de 3 mil pessoas entre mulheres, idosos e crianças, foram atacados com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

O dirigente do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, foi detido por “desobediência de ordem judicial” e, a maior das ironias, “incitação à violência”. Isso num momento em que a PM lançava bombas contra centenas de famílias sem teto. O comandante da Tropa de Choque chegou a afirmar que Boulos era “reincidente”, citando uma manifestação pública em frente à casa de Temer.

Longe de ser um caso isolado, o violento despejo das famílias do Jardim Colonial e a arbitrária detenção de Boulos na manhã desta terça são mais um episódio da crescente criminalização dos movimentos sociais nesse país. Processo que faz com que hoje haja presos políticos, como Rafael Braga, preso durante manifestação em junho de 2013 com um frasco de desinfetante.

Criminalização que também atingiu o MRP (Movimento de Resistência Popular pelo Direito à Cidade) em Brasília, cujo dirigente, Edson Francisco da Silva, foi preso logo após o grupo ter ocupado um hotel na área nobre da cidade.

Mais recentemente, 16 pessoas foram indiciadas após terem sido ilegalmente detidas em São Paulo antes de um ato público na Avenida Paulista. A prisão ocorreu através da ação de um capitão do Exército infiltrado entre os manifestantes. Apesar do próprio juiz ter determinado a libertação do grupo, afirmando ter sido ilegal, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) indiciou os manifestantes por “associação criminosa e corrupção de menores”.

Tropa de Choque expulsa 700 famílias de área desocupada Foto: Agência Brasil

O governo Temer, assim como os governos Lula e Dilma, e os governos estaduais como o de Alckmin, apostam na criminalização dos movimentos sociais. É necessário repudiar todas as arbitrariedades, denunciar a repressão e exigir liberdade imediata já de todos os presos políticos e o fim de todos os processos contra os lutadores.