Os funcionários em greve queriam apenas pedir que fosse revista a decisão do governo de suspender o pagamento dos salários dos servidores do INSS do Rio de Janeiro, iniciativa estendida aos funcionários dos demais estados. Depois de três horas de espera, acuados pela força policial e sob ameaças de agressão, o grupo teve de pedir a intervenção do presidente da OAB, Rubens Approbato, e de parlamentares que vêm defendendo a categoria, tendo comparecido ao local o deputado Washington (PT-MA) e a senadora Heloísa Helena (PT-AL).

Nessa altura dos acontecimentos, o presidente do órgão, Taiti Inemame, apesar de ter garantido que receberia a comissão de negociação dos servidores, saiu do prédio, por volta das 17 horas, afirmando que iria ao Ministério da Previdência tentar uma resposta para as reivindicações do grupo. Com isso, o deputado Washington e o presidente da OAB se retiraram do prédio, acreditando que tudo seria resolvido de forma civilizada.

Algumas horas depois, o presidente do INSS entrou em contato por telefone com integrantes da comissão e pediu que três deles, incluindo a senadora Heloísa Helena, fossem recebê-lo na garagem do prédio para evitar qualquer tipo de constrangimento à sua pessoa, o que foi garantido.

O que os servidores não sabiam é que estavam caindo em uma armadilha. Depois de algum tempo de espera frustrada pelo retorno de Inemame, agentes do COT, setor de repressão da Polícia Federal, comandados pelo delegado de pré-nome Daniel, avançou com violência sobre os integrantes da comissão de negociação dos servidores para expulsá-los do prédio.

Na garagem, os servidores foram alvo de uma repressão digna dos tempos da ditadura militar. Nem a senadora Heloísa Helena escapou das agressões. Ela foi arrastada e jogada no chão pelos policiais, que soltavam bombas de gás lacrimogêneo e disparavam balas de borracha. Vários servidores foram atingidos e tiveram de ser encaminhados para hospitais da cidade. Uma servidora levou um corte no pescoço e vários outros foram atingidos por estilhaços de bomba. Um servidor do INSS teve uma costela fraturada.

O comando de greve dos servidores federais lamenta o triste papel desempenhado pelo presidente do INSS, que enganou a comissão de negociação e enganou os servidores do INSS, atraindo-os para uma arapuca. Fato ainda mais lamentável se considerarmos que, mesmo durante uma guerra, os negociadores, que funcionam como embaixadores, são respeitados.

No entanto, a atitude mais decepcionante para os servidores, que ajudaram a eleger este governo, partiu do próprio ministro da Previdência, que divulgou uma nota pública repleta de inverdades, cujo objetivo era criminalizar os funcionários em greve e colocá-los como baderneiros aos olhos da opinião pública.

Repudiamos essa nova agressão contra trabalhadores que estão exercendo a prerrogativa democrática de lutar pelos seus direitos e condenamos com veemência o desrespeito a esses movimentos e às pessoas responsáveis pelas negociações, sobretudo quando se trata de parlamentares que não estão fazendo outra coisa senão cumprir com dignidade e coerência suas plataformas eleitorais, como a senadora Heloísa Helena.

Queremos deixar claro que recorrer à força policial e ao uso da violência para conter uma manifestação legítima é uma atitude criminosa e condenável sob todos os aspectos. Não lutamos contra a ditadura e elegemos um governo democrático e popular para termos nossos direitos usurpados à base de iniciativas fascistas. Exigimos a apuração rigorosa dos fatos e a punição exemplar dos responsáveis pela barbárie cometida contra os servidores federais e seus representantes.

Não aceitamos a criminalização das vítimas.

COMANDO NACIONAL UNIFICADO DE GREVE
DOS SERVIDORES FEDERAIS – CNUG