Delegações de internacionais já estão no congresso. Além da participação no Encontro Internacional de Trabalhadores Latino-Americanos e Caribenhos, ELAC, militantes de movimentos populares estrangeiros também vieram acompanhar os debates do I Congresso Nacional da Conlutas. Para eles, o movimento social brasileiro pode se tornar referência para outros países, em especial a América Latina. Já estão presentes representantes da Argentina, Paraguai, Equador, Colômbia, Alemanha, Rússia e Haiti. Pessoas de outros países, como Bolívia, Costa Rica, Peru, Chile e outros países ainda estão por vir.

“Este encontro pode ajudar na reorganização do movimento sindical e popular argentino”, disse Eduardo Barraguim, que chegou ontem no Brasil. Ele explica que a classe trabalhadora do Brasil é a maior da América Latina, e seu exemplo de organização independente está sendo visto com expectativa em seu país.

O russo Ivan, que também acaba de chegar no Brasil, vê o congresso com o “primeiro em que ocorre este tipo de unificação, com pessoas de variadas correntes de pensamento”. Na Rússia, segundo Ivan, ainda não existe algo parecido, mas a experiência com a Conlutas brasileira pode ser aprendizado para a construção de um movimento semelhante em seu país.

Independência dos governos e patrões
Ivan relata que na Rússia “as coisas são difíceis”, pois o governo do país reprime qualquer tentativa de organização sindical independente. “Histórico da ditadura de Stalin”, lembra o russo. Apesar das dificuldades, já existe no maior país do mundo greves localizadas de setores como petroleiros e ferroviários.

O argentino Eduardo Barraguim comenta das dificuldades do sindicalismo independente argentino. “Os sindicatos pelegos agem junto com a polícia. Em uma fábrica, reprimiram os operários com armas”, denuncia.

Apesar das dificuldades, todos são otimistas quanto ao futuro dos movimentos sociais em seus países, pois existe uma nova geração de jovens ativistas que estão começando a reorganização. Para o equatoriano Jonh Herrero, “no meu país é cada vez maior o número de jovens anticapitalistas”.

No Haiti, que sofre ocupação militar pelo exército brasileiro, a reorganização também existe, apesar das enormes dificuldades. Há quatro meses no Brasil, Franck Seguy e Michaell Sierouers contam que muitos movimento sociais são dirigidos por ONGs, que são ligados ao governo. Mas as manifestações radicalizadas contra a invasão já existem mesmo assim. “A ação no Brasil nos traz muita esperança de que possamos vencer a invasão”, completam os estudantes do Haiti.

Ademar