O volume de recursos transferidos por empresas multinacionais que atuam no Brasil a suas matrizes no exterior praticamente triplicou no primeiro mandato de Lula, comparado aos anos do segundo mandato de FHC. Entre 2003 e 2006, para cada US$ 10 que entraram no país, US$ 6 foram remetidos na forma de lucros ao exterior. Já entre os anos de 1999 e 2002, para cada US$ 10 investidos, as multinacionais remeteram US$ 2 ao seu país de origem.

Segundo o Banco Central, foram mandados para o exterior US$ 37,8 bilhões durante o primeiro mandato de Lula. O ano de 2006 marcou o recorde na remessa de lucros das multinacionais, que chegaram a US$ 16,4 bilhões. Tal valor é 30% maior que em 2005, assinalando uma tendência de aumento exponencial na rapina imperialista no país nos últimos anos.

O setor que mais tira recursos do país são os bancos, que em 2006 mandaram US$ 1,4 bilhão para fora. A seguir vêm as concessionárias de serviço público e a indústria automobilística.

O Brasil não é um caso isolado. Relatório da ONU sobre investimentos estrangeiros revela um espantoso aumento nas remessas em toda a América Latina desde 2003. Só em 2006 a região enviou para fora US$ 59 bilhões, sendo que os investimentos na região totalizaram US$ 45 bilhões.

Privatizações
Uma explicação para o recorde de remessas é a onda de privatizações promovidas pelo governo FHC, assim como as privatizações que arrasaram o continente durante toda a década de 90. Os lucros das multinacionais conseguidos com a desnacionalização de setores inteiros da economia impulsionam a saída de capitais desses países. Os lucros das empresas estrangeiras fincadas no Brasil e no continente estão, desta forma, cobrindo o caixa das matrizes nos EUA ou na Europa.

Situação esta que só tende a piorar com a nova onda de privatizações promovida pelo governo Lula. O pacote privatista previsto pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) inclui setores estratégicos de infra-estrutura, como rodovias, portos, hidrelétricas e linhas de transmissão de energia. No mais recente leilão de rodovias federais, a multinacional espanhola OHL levou a grande maioria do lote de estradas oferecido.

Também recentemente, o Ministério da Fazenda deu parecer favorável à abertura de capital da Infraero, a estatal responsável pela administração dos aeroportos no país. Além de aumentar o extravio de capitais, a medida só vai piorar o caos aéreo, justo no momento em que a ganância desmedida das empresas do setor é apontada como um dos principais fatores para os últimos desastres que ceifaram centenas de vidas.

Os bancos
Outro fator que possibilita a transfusão de recursos para os países imperialistas é a desnacionalização dos bancos e os lucros absurdos conquistados pelo setor nos últimos anos. Os juros extorsivos e as taxas abusivas tornam o país um verdadeiro paraíso aos banqueiros estrangeiros. O relatório da ONU mostra que o Brasil, entre os países periféricos, tem preferência nos investimentos de instituições financeiros, estando à frente de países como México e Hong Kong. O país abriga cerca de 400 empresas financeiras estrangeiras.