Um relatório produzido por 1.350 cientistas de 95 países, incluindo o Brasil, foi divulgado em março, apresentando o resultado de análises desenvolvidas desde 2001 sobre a saúde dos ecossistemas e sua relação com a vida humana.

Como já era de se esperar, o estudo, chamado de Avaliação Ecossistêmica do Milênio, não apresentou boas notícias. Segundo os dados divulgados, o ataque predatório aos recursos naturais do planeta irá provocar um colapso no planeta. Entre as alterações, algumas já podem ser vistas, como as mudanças climáticas, em decorrência de desmatamentos, e o deslocamento de espécies, com o consequente desequilíbrio da cadeia alimentar. O relatório ressalta o comprometimento da capacidade do planeta em reciclar nutrientes do solo e minimizar o impacto dos desastres naturais.

O relatório também conseguiu bastante repercussão por ter sido realizado por cientistas e não por grupos ambientalistas. Estes, muitas vezes caracterizados por representantes dos interesses capitalistas como “profetas do apocalipse”, têm agora mais um respaldo em sua luta pelo meio ambiente.

Uma das discussões feitas é de que os recursos que o meio ambiente oferece ao homem não são computados na balança comercial. Exemplo é o sequestro de carbono pela floresta. Caso isso fosse levado em consideração, muitos países perceberiam que, na verdade, estariam tendo prejuízo, e não lucro, ao degradar os ecossistemas.

Essa lógica, que parece óbvia, não se faz entender na economia capitalista. Até hoje, a justificativa dos países que não querem assumir políticas de desenvolvimento sustentável tem sido apenas uma: prejuízo à economia. Caso dos EUA, que se recusaram a assinar o Tratado de Kyoto porque ele representaria uma ameaça aos lucros que o país conquista às custas da degradação ambiental. O governo de George W. Bush, aliás, tem investido em pesquisas que tentam provar que a poluição industrial não é a maior responsável pelo aquecimento global. Dessa forma, tenta enganar a opinião pública e esquivar-se da pressão contra as formas de captação e produção de bens e serviços do sistema neoliberal.

O capitalismo se sustenta nas bases de um consumo infindável, o qual os nossos recursos naturais não possuem condições de suprir. A vida pede socorro e a cada dia depende mais da nossa disposição para lutar por transformações.