No dia 29 de março saiu o relatório final da CPI dos Correios, um documento que, ao mesmo tempo, segue desgastando o governo ao assumir a existência do mensalão, mas também tira de Lula qualquer responsabilidade pelo ocorrido, mantendo a regra da pizza de garantir o calendário eleitoral e a impunidade.

Diante da constatação de que a propina realmente rolava solta no Congresso, o relatório pede o indiciamento de pelo menos 118 pessoas, entre elas José Dirceu, Luiz Gushiken, Marcos Valério, Duda Mendonça, José Genoino, Silvio Pereira e Delúbio Soares. O relatório cita também 19 parlamentares que seriam os beneficiários do esquema do mensalão, sem, no entanto, indiciá-los. Apesar dos pedidos de indiciamento feitos, o próprio relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) esclareceu que sua intenção é pedir o indiciamento e que, se for preciso, será feita uma “correção”. Ou seja, a pizza deve permanecer como regra.

Além disso, o relatório ainda não foi aprovado e pode receber emendas e alterações dos parlamentares até o dia 4 de abril, quando o texto deverá ser votado na comissão. Depois disso, o documento deverá ser encaminhado ao Ministério Público e à Polícia Federal. Mas até lá, muita coisa pode ser “corrigida”. Tanto a oposição como a base governista afirmam que vão pedir mudanças no texto original. E, mesmo admitindo o mensalão e listando nomes de alguns (não todos) deputados que o receberiam, a CPI até hoje não quebrou ou requereu a quebra do sigilo bancário de nenhum deputado ou senador.

De qualquer forma, mesmo antes de qualquer alteração, o texto apresentado já isenta Lula pelo esquema do mensalão, dizendo que não há qualquer fato que evidencie que o presidente tenha sido omisso. O filho de Lula também se safou no relatório. Alterações foram feitas no relatório pouco antes de sua apresentação, retirando o nome do filho do presidente do item que trata do caso Gamecorp. Isso evidencia mais uma vez que, apesar de dos discursos, o único objetivo da oposição de direita é seguir desgastando o governo para tentar uma vitória nas urnas.