Resposta de Zé Maria a artigo do jornalista Janio de Freitas publicado na Folha de São Paulo

O jornalista Janio de Freitas, em sua coluna na Folha deste domingo (15/6), desfechou uma série de ataques às greves e manifestações que os trabalhadores têm promovido nas últimas semanas, defendendo os “esforços incríveis” que os Secretários de Segurança de São Paulo e do Rio de Janeiro têm feito para “evitar os excessos da polícia”.

Quanto às opiniões do jornalista posso apenas lamentar e registrar a incoerência de, sendo um democrata, demonstrar tamanha intolerância com os que pensam diferente e agem diferente do que ele gostaria. Quero frisar, agem diferente do que gostaria o jornalista, mas dentro de seus direitos legais. Afinal, ao que consta, o direito de greve ainda está inscrito na Constituição Federal. Sim, greve gera transtorno muitas vezes. Mas a responsabilidade pelo transtorno não é do trabalhador que exerce seu direito de defender suas reivindicações. É dos empresários e governos que, com sua ganância ou omissão, geram as situações que obrigam os trabalhadores a recorrerem à greve. É lamentável também que o autor, a despeito da sua trajetória política contra a ditadura militar e pelas liberdades democráticas no nosso país, compactue com a ação truculenta e a repressão da polícia militar, diga-se de passagem um entulho da ditadura, contra o direito legítimo e democrático dos trabalhadores e da juventude de se manifestarem. A mesma polícia responsável pelo massacre do Pinheirinho em 2012, que desalojou milhares de famílias de suas casas, e que hoje reprime manifestações pacíficas de trabalhadores grevistas, como foi feito dentro da Estação de Metrô Ana Rosa contra os metroviários, e fere as liberdades democráticas. Além de praticar todos os dias um verdadeiro genocídio contra a juventude pobre e negra das periferias, onde os Amarildos proliferam.

Mas, diversidade de opinião faz parte das liberdades democráticas e, apesar de não concordar com as opiniões do jornalista, defendo o diretito de ele não só tê-las, como de divulgá-las. No entanto, o que não podemos aceitar é a relação que o jornalista faz em seu artigo entre PSTU e Black Blocs, como se PSTU e Black Blocs fossem a mesma coisa ou que as ações dos Black Blocs fossem “instigadas” pelo PSTU. Trata-se de uma calúnia, simples assim. Calúnia que é ou fruto de desinformação ou de má fé. No entanto, nenhuma destas alternativas pode ser aceita por um bom jornalismo. E, como é este conceito de bom jornalista que temos de Janio de Freitas, pedimos que corrija o erro que cometeu.

Desde o surgimento do fenômeno Black Bloc no Brasil, nas mobilizações de junho do ano passado, o PSTU foi o primeiro e, até hoje, um dos poucos partidos que tem polemizado e combatido publicamente esta prática. A nossa posição sobre os Black Bloc não está apenas em nos panfletos que distribuímos nas manifestações, mas também em nosso jornal, nosso Portal e nas declarações de nossos dirigentes à imprensa. As ações destes grupos e de inúmeros provocadores à paisana da própria polícia já flagrados em muitas manifestações trazem apenas prejuízo político para as lutas dos trabalhadores, pois servem apenas para justificar mais repressão contra os que lutam por seus direitos ou para maus jornalistas fazerem amalgama nas “noticias” que publicam, responsabilizando sindicatos, movimentos sociais ou partidos de esquerda por algo que não fizeram.

No dia 12 de junho, em São Paulo, toda a imprensa nacional e internacional testemunhou a polêmica pública que se instalou entre os militantes do PSTU e de vários sindicatos contra a ação dos chamados Black Blocs nas imediações do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Não pode ser então que sejamos responsabilizados pelas suas ações.

O PSTU é crítico sim aos gastos com a Copa do Mundo, pois acredita que estes recursos seriam de mais serventia para o povo se investidos na saúde e na educação. O PSTU apoiou e ajudou sim a greve dos metroviários e de todas as categorias que fizeram paralisações para melhorar seus salários e defender seus direitos. O PSTU apoia sim a luta dos movimentos populares que lutam por moradia e uma vida digna. O PSTU está sim na luta da juventude que luta por educação publica, de qualidade para todos e pelo passe livre estudantil. O PSTU está sim em todas as lutas contra o machismo, o racismo e a homofobia. E vai continuar a fazê-lo, pois acreditamos que este é o caminho para acabar com tanta desigualdade e injustiças que caracterizam a sociedade em que vivemos.

Se querem nos criticar, critiquem por isso. É parte da democracia. Faltar com a verdade, não.

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