Na madrugada de 1º de junho, por volta das 3h, o governo paulista de José Serra (PSDB), por meio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), enviou a tropa de choque da Polícia Militar para reprimir a greve dos servidores da universidade, que já dura quase um mês.

Os trabalhadores estão em greve por aumento de salário, em defesa de 5 mil postos de trabalho ameaçados de demissão e pela reintegração de Claudionor Brandão, diretor do Sintusp (sindicato dos trabalhadores da USP), demitido por perseguição política. Também está na pauta dos grevistas a exigência da retirada dos processos administrativos impostos a vários militantes e dirigentes sindicais, bem como pela retirada da multa aplicada pela reitoria ao Sintusp em função da ocupação ocorrida em 2007.

Em quase todas as unidades foi colocada ao menos uma viatura policial, impedindo que os piqueteiros exerçam seu direito legítimo de greve. A paralisação foi decidida pela base em assembleias da categoria. Especialmente na reitoria, pode-se encontrar dezenas de policiais. Foram arrancadas faixas, e trabalhadores foram individualmente ameaçados de prisão caso permanecessem nos portões de suas unidades.

Porém, a resistência do movimento agora se torna ainda maior. Pela manhã do mesmo dia ocorreu uma assembleia emergencial, contando com a presença de 600 pessoas. A reunião seguiu até o começo da tarde, quando, por unanimidade, foi decidida a permanência da greve. Os estudantes reunidos no DCE ocupado, por sua vez, organizaram passagens em salas de aula para chamar a uma assembleia que definiria os próximos passos da mobilização.

Historicamente, a USP é conhecida como um local onde a entrada da polícia não é permitida. Este ataque acontece em meio a uma ofensiva dos governos federal e estadual para criminalizar os movimentos sociais, sindicatos e demais setores de luta. Esse fato só mostra a intransigência do governo e da reitoria quanto às vias democráticas de negociação com a categoria.

Mobilização cresce nas estaduais
O movimento, por outro lado, cresce, e as greves se espalham. O Fórum das Seis (órgão que reúne as entidades dos estudantes, professores e funcionários) aprovou indicativo de greve para o último dia 25 e alguns setores já cruzaram os braços. Os funcionários da Unicamp já estão em greve, assim como os servidores da Unesp de Ilha Solteira, Jaboticabal e Bauru. Em Marília, os estudantes da universidade estão em greve, assim como a Faculdade de Educação da Unicamp.

O Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp também votou indicativo de greve para o dia 2 de junho, data em que professores paralisaram suas atividades nas três universidades.

Post author Renata Piekarski, de São Paulo (SP)
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