Policiais fazem guarda para impedir piquete dos funcionários
Renata Piekarski

Na madrugada desta segunda-feira, hoje por volta das 3h, o governo paulista de José Serra (PSDB), por meio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) enviou a tropa de choque da polícia militar para reprimir a greve dos servidores que já dura quase um mês.

Os trabalhadores estão em greve por aumento de salário, em defesa de 5 mil postos de trabalho ameaçados de demissão e pela reintegração de Claudionor Brandão, diretor do Sintusp demitido por perseguição política. Também está na pauta dos grevistas a exigência da retirada dos processos administrativos imposto a vários militantes e dirigentes sindicais, bem como pela retirada da multa aplicada pela reitoria ao Sintusp em função da ocupação ocorrida em 2007.

Em quase todas as unidades foram colocadas ao menos uma viatura policial, impedindo que os piqueteiros exerçam seu direito legítimo de greve. A paralisação foi decidida pela base em assembleias da categoria. Especialmente na reitoria, pode-se encontrar dezenas de policiais. Foram arrancadas faixas, e trabalhadores foram individualmente ameaçados de prisão caso permanecessem nos portões de suas unidades.

Porém a resistência do movimento agora se torna ainda maior. Pela manhã, ocorreu uma assembleia emergencial, contando com a presença de 600 pessoas. A assembleia seguiu até o começo da tarde, quando, por unanimidade, foi decidida a permanência da greve. Os estudantes reunidos no DCE ocupado, por sua vez, organizaram passagens em salas de aula para chamar para uma assembleia que ocorrerá ainda essa semana.

Historicamente, a USP é conhecida como um local onde a entrada da polícia não é permitida. Na década de 1970, a USP serviu, em função disso, como abrigo para militantes de esquerda perseguidos pela ditadura militar.

Este ataque acontece em meio a uma ofensiva dos governos federal e estadual para criminalizar os movimentos sociais, sindicatos e setores de luta. Este fato só mostra a intransigência do governo e da reitoria com as vias democráticas de negociação com a categoria. Nesta terça-feira, haverá um ato às 11h, em frente à reitoria, pela imediata saída da polícia do campus e pela reabertura das negociações.

Por isso, é importante a participação de todos e todas no ato que será organizado nesta terça e que enviem moções de apoio à greve dos funcionários da USP e repúdio à intervenção policial.

*Renata Piekarski é trabalhadora da USP e militante do PSTU